Atualidades

O ALPHA E O ÔMEGA

Na Bíblia temos muitas comparações sobre os lobos como metáforas para os perigos que nos aguardam. Lobos em peles de cordeiros, lobos vorazes, lobos entre nós. Na alcateia há uma hierarquia e existe o lobo Alpha que é o maior e mais forte  e o lobo Ômega que é inferior e o mais desprezado, porem quebrando este paradigma, nos é apresentado pela serva de nosso Deus uma advertência que chega a causar arrepios. Ela nos adverte sobre o aparecimento do Ômega, não um fraco e desprezado lobo em sua comunidade, mas um furioso e impiedoso ataque às nossas crenças e nos nossos fundamentos. Neste artigo que lhes apresento, fruto de estudos produzidos durante anos por mim e por pessoas inspiradas e orientadas por Deus, as quais  recorri ao ler e examinar seus trabalhos,  espero poder  ajudar na compreensão sobre os assuntos relacionados ao tema, afirmando-vos que o Alpha já foi e o Ômega já esta operando entre nós.

Tenho me deparado com questionamentos sobre as doutrinas da Igreja desde que me batizei na década de 80. Foram vários movimentos que trouxeram expectativas e muita discórdia entre os membros e porque não dizer, a divisão da igreja. Hoje se levanta uma outra fase dos ataques do inimigo e quanto mais o tempo se aproxima do juízo de Deus, mais a sua igreja será atacada, sacudida, agredida e desacreditada por alguns que sabendo ou não acabam por fazer o serviço que milhares de anjos caídos adorariam fazer pessoalmente, mas se rendem a eficácia das ações humanas.

Antes de dar continuidade gostaria de declarar minha fé e minhas convicções para que não haja nenhuma dúvida quanto as minhas palavras. Sou Adventista do Sétimo Dia, a igreja original, a primeira. Não faço parte de nenhum movimento paralelo e acredito naquilo que a minha consciência me conduz, sempre baseado nos meus estudos bíblicos e nos escritos. Aliás num dos meus artigos anteriores defendo os votos feitos por nossos líderes na Conferência Geral de 2015, a qual me submeto, onde nós adventistas reafirmemos a nossa fé na bíblia, toda ela, e nos escritos de Ellen White, todos eles.  Portanto não esperem ter aqui algum conteúdo para movimentos separatistas, mas um estudo sobre a nossa igreja e as profecias que a cercam, porém com o olhar crítico e não cego as dificuldades que enfrentaremos mesmo dentro e entre os líderes de nossa organização. Você pode até estranhar esta declaração, mas as advertências fazem parte dos escritos de Ellen White onde ela aponta que todos temos que ficar atentos e enfrentar o erro de frente, seja lá de onde ele vier.

Temos lido e visto debates acalorados sobre um assunto em particular e que vem crescendo cada vez mais, apoiados por textos, contextos e até mesmo publicações em mídia digital, que capítulo à parte, aproximou a deu velocidade ao tempo de disseminação de uma ideia ou ponto de vista.  Hoje em dia basta se ter acesso a internet e um blog ou conta em mídia social para se tornar um teólogo ou propagador de mensagens urgentes e escolhidas. Estou de uma forma ou de outra fazendo parte deste grupo ao publicar meus estudos e pareceres sobre alguns assuntos que solapam os nossos membros e o faço não imbuído de alguma autoridade eclesiástica, mas bíblica e também dos escritos de Ellen White que me levam a estudar mais a palavra de Deus. Aliás nunca vi ao longo destes trinta e sete anos como adventista, o uso de tantas porções de seus escritos como agora, mas devo confessar que ao me deparar com alguns artigos, logo vi uma técnica de utilização de textos fora do contexto ou mesmo atribuição de um pensamento diferente daquele que a nossa profetiza queria nos passar. Bem, os cernes das discussões atuais estão focados na questão dos eventos ocorridos nos anos seguintes a 1880 e a grande crise que a igreja pioneira passou diante dos escritos do Dr Kellogg em seu livro Living Temple, O Templo Vivo, apontado por Ellen White como sendo o Alpha das crises que a igreja passaria e, segundo seus próprios escritos: “Não se engane, muitos se afastarão da fé, dando atenção a espíritos e doutrinas sedutoras dos demônios. Já temos diante de nós o alfa desse perigo. O ômega será de uma natureza surpreendente “. – Mensagens escolhidas ., P. 197

Antes de entrar no assunto do livro e suas controvérsias, quero lembra-los de que os centros das discussões retornaram, não é algo novo ou inédito, o nosso inimigo traz à tona os mesmos assuntos outrora tratados e causadores de grande crise a ponto de Ellen White fazer as seguintes declarações: “Estou instruída a falar claramente. “Enfrentai-o” é a palavra que me é dirigida. “Enfrentai-o firmemente, e sem tardança.” Mas não deve ser enfrentado retirando nossas forças operantes do campo a fim de examinar doutrinas e pontos de divergência. Não temos tal investigação a fazer. No livro Living Temple acha-se apresentado o alfa de heresias letais. Seguir-se-á o ômega, e será recebido por aqueles que não estiverem dispostos a atender à advertência dada por Deus.” Mensagens escolhidas 1 páginas 200

Um ponto a  ser observado nos escritos de Ellen White em “Mensagens escolhidas”, é que ela aponta para a necessidade de mantermos as nossas origens e descreve como eram os estudos da palavra de Deus, inclusive das orientações que o Espirito Santo lhe transmitia quando se chegava a um ponto do estudo onde não havia mais como progredir. No capítulo “ O firme alicerce de nossa fé” ela diz: Muitos de nosso povo não reconhecem quão firmemente foram lançados os alicerces de nossa fé. Meu esposo, o Pastor José Bates, o Pai Pierce, o Pastor [Hiran] Edson, e outros que eram inteligentes, nobres e verdadeiros, achavam-se entre os que, expirado o tempo em 1844, buscavam a verdade como a tesouros escondidos. Reunia-me com eles, e estudávamos e orávamos fervorosamente. Muitas vezes ficávamos reunidos até alta noite, e às vezes a noite toda, pedindo luz e estudando a Palavra. Repetidas vezes esses irmãos se reuniram para estudar a Bíblia, a fim de que conhecessem seu sentido e estivessem preparados para ensiná-la com poder. Quando, em seu estudo, chegavam a ponto de dizerem: “Nada mais podemos fazer”, o Espírito do Senhor vinha sobre mim, e eu era arrebatada em visão, e era-me dada uma clara explanação das passagens que estivéramos estudando, com instruções quanto à maneira em que devíamos trabalhar e ensinar eficientemente. Assim nos foi proporcionada luz que nos ajudou a compreender as passagens acerca de Cristo, Sua missão e sacerdócio. Foi-me tornada clara uma cadeia de verdades que se estendia daquele tempo até ao tempo em que entraremos na cidade de Deus, e transmiti aos outros as instruções que o Senhor me dera. ” Mensagens escolhidas 1 páginas 206 e 207

Ela aponta também que alguns iriam propor mudanças em nossas crenças e que este reavivamento na verdade era uma obra de engano de satanás. “Que influência essa, que desejaria levar os homens, neste período de nossa história, a trabalhar de modo enganador e poderoso, para solapar os alicerces de nossa fé — alicerces que foram lançados no princípio de nossa obra mediante devoto estudo da Palavra e pela revelação? Sobre esses alicerces temos estado a construir, nos últimos cinquenta anos. ” Mensagens escolhidas 1 páginas página 207 

Pois bem aqui neste ponto devemos analisar alguns detalhes que passam desapercebidos ou são usados de maneira intencional por aqueles que pregam que a igreja esta mudando os “ Firmes alicerces de nossa fé” e assim seria todo este processo obra do maligno. O primeiro ponto que desejo analisar é que Ellen White aponta aqui as mudanças e ataques a verdade  que estão ligadas a obra do livro Living Temple e a questão do Dr Kellogg ter afirmado que sua obra estava em consonância com os escritos dela. Notem por favor que toda a defesa de nossa fé estava sendo direcionada a combater os conceitos deste livro e que ganhava força entre os mais eminentes líderes de nossa igreja, principalmente entre os que trabalhavam na obra medico-missionária, onde Kellogg tinha grande influência.

Inicialmente Ellen White não se pronunciou, porem ela foi impelida pelo filho a ler um exemplar do livro que ficará guardado “ intocado em sua estante” e ao ler ela logo percebeu os ardis do inimigo e quão ele tem a perspicácia em aplicar pontos aqui e acolá para montar uma logica que pode enganar aos leitores despreocupados ou não firmados, transformando uma verdade em uma meia verdade misturada com o erro, vejamos o que ela descobriu ao lermos o capitulo “ Visão do perigo que se aproxima”. Do livro mensagens escolhidas Paginas 202 e  203

Visão do perigo que se aproxima

“Mais ou menos pelo tempo em que foi publicado Living Temple, passaram ante mim, na calada da noite, representações que indicavam estar-se aproximando algum perigo, e que eu devia para isso me preparar, escrevendo as coisas que Deus me revelara, acerca dos princípios fundamentais de nossa fé. Foi-me enviado um exemplar de Living Temple, mas ficou intocado em minha biblioteca. Segundo a luz que me foi dada pelo Senhor, eu sabia que alguns dos sentimentos defendidos no livro não traziam o endosso de Deus, e que eram uma cilada preparada pelo inimigo, para os últimos dias. Pensei que tal por certo seria percebido, e que não seria preciso que eu sobre [203] isso dissesse o que quer que fosse. Na controvérsia que surgiu entre nossos irmãos acerca dos ensinamentos desse livro, os que estavam a favor de lhe dar ampla divulgação diziam: “Encerra exatamente os pensamentos que a irmã White tem ensinado.” Essa afirmativa feriu-me diretamente o coração. Senti-me acabrunhada, pois sabia que essa apresentação do caso não era verdadeira. Afinal disse-me meu filho: “Mamãe, a senhora deve ler pelo menos alguns trechos do livro, para ver se estão em harmonia com a luz que o Senhor lhe deu.” Assentou-se ao meu lado, e juntos lemos o prefácio, e a maior parte do primeiro capítulo, bem como alguns parágrafos de outros capítulos. Ao lermos, reconheci as próprias opiniões contra as quais me fora ordenado advertir, no princípio de meus trabalhos públicos. Quando pela primeira vez deixei o Estado 194 Mensagens Escolhidas 1 do Maine, fi-lo com intenção de percorrer Vermont e Massachusetts, a fim de dar testemunho contra essas opiniões. Living Temple encerra o alfa dessas teorias. Eu sabia que o ômega seguiria dentro de pouco tempo; e tremi pelo nosso povo. Sabia eu que devia advertir nossos irmãos e irmãs a que não entrassem em controvérsia em relação à presença e personalidade de Deus. As afirmações feitas em Living Temple acerca deste ponto são incorretas. São mal aplicadas as passagens usadas em apoio da doutrina ali exposta. Sou compelida a falar negando a pretensão de que os ensinamentos de Living Temple possam ser apoiados por declarações de meus escritos. Pode haver nesse livro expressões e opiniões que estejam em harmonia com os meus escritos. E pode haver em meus escritos muitas afirmações que, tiradas do contexto, e interpretadas de acordo com o pensamento do autor de Living Temple, dir-se-iam de acordo com os ensinamentos desse livro. Isso pode dar aparente apoio à afirmação de que as idéias de Living Temple estejam em harmonia com meus escritos. Deus não permita, porém, que prevaleça esta impressão. [204] Poucos discernem o resultado de sustentarem os sofismas defendidos por alguns, atualmente. O Senhor, porém, correu a cortina mostrando-me o resultado que se seguiria. As teorias espiritualistas acerca da personalidade de Deus, levadas a sua conclusão lógica, derribam toda a ordem cristã. Estimam como nada a luz que Cristo veio do Céu para dar a João, a fim de que ele a transmitisse ao Seu povo. Ensinam que as cenas que estão justamente à nossa frente não são de importância suficiente para que se lhes dê atenção especial. Tornam de nenhum efeito a verdade de origem celestial e roubam ao povo de Deus sua experiência passada, oferecendo-lhes, em lugar, uma ciência falsa”

Notem que ela percebeu logo o engano que o inimigo estava introduzindo na igreja e que o Dr Kellogg fazia uso de partes de textos de seus escritos, porem fora do contexto original para dar endosso a sua obra satânica. Ela nunca daria sustentação para as heresias que estampam o livro e logo percebeu a gravidade que estava diante de si a ponto de nosso Pai celestial dar-lhe ampla visão dos perigos que a igreja estava por passar. Se o leitor mais interessado em saber a verdade continuar a leitura dos capítulos seguintes notará toda a trama e a mão de Deus a conduzir Ellen White até ao ponto de  confrontar Kellogg e sua obra. E nesta linha de pensamento, descobrirá por si só que o alerta que ela deu sobre a tentativa de mudanças em nossa crenças fundamentais estavam baseadas na obra de Living Temple, panteísta e que estava tomando de assalto grandes mentes de nossa igreja que acreditavam ser este o novo caminho que o povo de Deus deveria seguir. Portanto aponto aqui dois erros grosseiros e advirto a pessoas sinceras que estão espalhadas hoje em nossas igrejas e que estão sendo vitimas do mesmo ataque e do mesmo modus operandi do nosso inimigo; usar textos fora do contexto e dar uma nova roupagem que faz com que muitos se maravilhem com esta nova doutrina, fato semelhante ao ocorrido nos tempos de Kellogg. Não seria este o Ômega das heresias? Os que apontam os “graves crimes de nossos lideres” não estão igualmente usando os mesmos métodos de Kellogg?  Já definimos pouco antes, as razões que levam a refutar os escritos de Living Temple e a posição de nossa profetiza e posso afirmar que a crise atual é uma reedição da que se mostrou no passado mas com um impacto muito maior pela facilidade de semeadura, tendo em conta a tecnologia a nosso dispor.

Fico impressionado ao ver quantas pessoas debatem este tema inserido no “Alpha e o Ômega” sem se aperceberem da gravidade da rejeição dos  aspectos centrais de toda esta discussão: A divindade de Jesus, a Trindade e a pessoalidade do Espirito Santo. A rejeição destes temas leva a uma estrada sem escape em direção a um abismo espiritual sem precedente, apesar das advertências feitas pelo próprio Jesus que aponta o risco de pecarmos contra o Espirito Santo, “Por isso, vos declaro: todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito [Santo] não será perdoada.” (Mateus 12.31). Algumas pessoas, e muitas sinceras, estão adotando os pensamentos que foram expressos nos escritos de Kellogg, e por favor analisem, se o livro e pensamentos dele foram apontados como sendo o Alpha das heresias, seguir o que ele defende, agora em nosso tempo, não poderia ser chamado de o ômega? Dado a facilidade de acesso a estas teorias, via a nossa tecnologia de comunicação, que tem um efeito imediato o qual nem de perto pode ser produzido pela publicação do livro, apesar de toda a crise que deflagrou naquela época.  Estou convencido de que o Ômega é uma cadeia de crises geradas por ideias e teorias, algumas dignas de enredos conspiratórios, e que tem levado a milhares de pessoas se concentrarem mais no fomento de suas ideias e no combate a organização ao invés de investirem seus conhecimentos na pregação do evangelho simples e salvífico.

Não sou um cego, surdo e mudo em relação a nossa obra e nossas instituições, elas serão atacadas tanto de dentro como de fora e temos que estar atentos a estas ações do inimigo que usa e usará instrumentalidades humanas para operar.  Já não é de hoje que ecoa os conselhos de Ellen White e suas publicações alertando para a necessidade de atenção. Exponho aqui algumas de suas advertências que se fazem bem atuais e que nos compele a termos atitudes firmes e enérgicas. Num estudo intitulado “A sacudidura” temos as seguintes afirmações:

“Se Satanás vê que Deus está abençoando Seu povo e preparando-os para discernir-lhe os enganos, trabalha com sua magistral capacidade para introduzir fanatismo de um lado e frio formalismo de outro, para que ele possa ceifar uma colheita de almas. ”  Mensagens Escolhidas, vol. 2, pág. 19.

“Ao vir a sacudidura, pela introdução de falsas teorias, esses leitores superficiais não ancorados em parte alguma, são como a areia movediça. Escorregam para qualquer posição para agradar a tendência de seus sentimentos de amargura.” Testemunhos Para Ministros, pág. 112.

 “Mesmo em nossos dias, tem havido e continuará a haver famílias inteiras que uma vez se regozijaram na verdade e que perderão a fé devido às calúnias e falsidades que lhes foram apresentadas com relação àqueles a quem amavam e com os quais tiveram agradável conselho. Abriram o coração à semeadura do joio; o joio brotou entre o trigo. Eles o fortaleceram; a seara do trigo tornou-se cada vez menor; e a preciosa verdade para eles perdeu o seu poder.” Testemunhos Para Ministros, pág. 411.

“Muitos se levantarão em nossos púlpitos tendo nas mãos a tocha da falsa profecia, acesa na infernal tocha de Satanás. …  Dentre nós sairão alguns que não mais levarão a arca. Mas estes não podem fazer muralhas para obstruir a verdade, pois esta prosseguirá avante e para cima até ao fim.  Testemunhos Para Ministros, págs. 409 e 411.

Creio que está última afirmação será usada por pessoas desavisadas para continuar seu ataque a obra, mas note que o texto é explicito quanto as consequências a aqueles que fizerem o uso do erro em nosso meio, “Não mais levarão a arca...” sentença dura e de perdição. Por isso afirmo que continuar a atacar os três aspectos que formam o cerne das discussões em torno do Alpha e do Ômega, que é a divindade plena de Cristo e a pessoalidade do Espirito Santo, que leva consigo mais conceitos doutrinários como por exemplo a trindade, assunto retomado e que falaremos ainda neste artigo, e tendo estes tópicos como sustentação citações pescadas ali e acolá, textos fora do contexto para formarem um conceito, é dar credito a doutrina de satanás e ser utilizado como ferramenta dele para ataque direto a Deus e seu povo.

O Ômega não é só um assunto, ele existe e é real em nossos dias basta fazermos um levantamento das controvérsias que já foram palco de calorosos debates, mas que tem o mesmo proposito maligno. Já vi ao longo destes 37 anos, o debate feito por Desmund Ford que atacou a doutrina do santuário e a autenticidade profética dos escritos de Ellen White, neste ponto cito mais duas declarações dela: “O inimigo introduzirá doutrinas falsas, tais como a de que não existe um santuário. Este é um dos pontos em que alguns se apartarão da fé.”  Evangelismo, pág. 224.  E este outro texto que narra os ataques a sua obra:

“Uma coisa é certa: Os adventistas do sétimo dia que se colocam sob o estandarte de Satanás abandonarão primeiro sua fé nas advertências e repreensões contidas nos Testemunhos do Espírito de Deus.”  Mensagens Escolhidas, vol. 3, pág. 84. 

Já vi a nefasta consequência na vida de famílias inteiras, conhecidos meus, ao aderirem a teoria de que não existe o Espirito Santo, mas que este nome se refere a “Vontade de Deus” e alias, existem várias versões desta teoria. Presenciei os ataques a divindade de Cristo ao se questionar se Ele tem divindade em si mesmo, se é Co-eterno ou criatura de Deus,  o pré e pós lapsarianismo, que é assunto bem presente nos nossos dias, teorias da marca da besta que apontam sinais físicos e  Infelizmente já corre em rede e dentre em breve seremos sacudidos com a tese que aponta que o sábado sagrado não começa na sexta ao pôr do sol, mas no raiar do dia de sábado, o que resolverá os problemas de muitos que não conseguem ter seu dia de preparação efetivamente aproveitado. Juntasse a estes temas mais alguns que já estudei.

Volto a repetir, Ao definir alguns de que o Ômega seria novamente o debate sobre a pessoalidade do Espirito Santo, a trindade e o quanto Jesus é divino em si mesmo, não seria este debate mais acalorado e amplamente divulgado através da tecnologia que temos hoje em que em segundos um Post pode atingir milhares de pessoas, o Ômega das heresias?  Para entender um pouco sobre o assunto quero retornar ao alpha e seus efeitos.

Sem dúvida alguma o estopim da crise se concentra em Kellogg que apresenta uma tese panteísta em seu livro e ao se defender das advertências de Ellen White apresenta uma versão da trindade que difere da que ela crê. Note bem a declaração que fiz neste ponto, “ A trindade que ela crê”.

Ellen White se viu diante de duas versões distintas de trindade, e embora ela não use este termo em seus escritos, até para que os seus contemporâneos não utilizassem seus escritos como fonte de discussão, ela se deparou com uma versão mais mística, impessoal e distante do que verdadeiramente Deus tinha como proposito. Esta versão estava claramente ligada aos conceitos apresentados por Kellogg em seu livro e foi amplamente combatido por ela. Já a outra forma de identificar o trinitarianismo foi mais tarde endossado em seus escritos e a diferença entre as duas formas ficou patente durante a crise Kellogg entre 1902 até 1907. Quero lembra-los que no livro “O desejado de Todas as Nações” publicado em 1898, Ellen White apresenta claramente seu pensamento endossado pela suas visões e orientações divinas quanto a trindade: “Descrevendo aos discípulos a obra oficial do Espírito Santo, Jesus procurou inspirar-lhes a alegria e esperança que Lhe animavam o próprio coração. Regozijava-Se Ele pelas abundantes medidas que providenciara para auxílio de sua igreja. O Espírito Santo era o mais alto dos dons que Ele podia solicitar do Pai para exaltação de seu povo. Ia ser dado como agente de regeneração, sem o qual o sacrifício de Cristo de nenhum proveito teria sido. O poder do mal se estivera fortalecendo por séculos, e alarmante era a submissão dos homens a esse cativeiro satânico. Ao pecado só se poderia resistir e vencer por meio da poderosa operação da terceira pessoa da Divindade e, a qual viria, não com energia modificada, mas na plenitude do divino poder. É o Espírito que torna eficaz o que foi realizado pelo Redentor do mundo. É por meio do Espírito que o coração é purificado. Por Ele torna-se o crente participante da natureza divina. Cristo deu Seu Espírito como um poder divino para vencer toda tendência hereditária e cultivada para o mal, e gravar Seu próprio caráter em Sua igreja.” – O Desejado de Todas as Nações, pág. 671.

Quero levantar uma questão aqui; é inegável que a Ellen White não utilizava o termo “Trindade” em seus escritos e sim “Divindade” como no caso do texto acima, e parece que este simples fato apaga e ofusca toda a crença que ela veio a professar em seus escritos e na sua vida. Então pergunto: Seria a não citação do termo trindade a causa de tanta dúvida? Não poderíamos aceitar o temo “Divindade” ao invés de “Trindade”, como uma citação conclusiva sobre a terceira pessoa divina que opera em nosso favor? Precisamos assim do termo trindade para crer na trindade? Para mim o importante é saber que nosso Pai celestial, seu filho Jesus e o Consolador juntos formam o meu Deus único e que deseja me salvar e para que eu tivesse um pouco de compreensão sobre sua personalidade se apresenta a mim com estas três características distintas, a Trindade.

O Desejado de Todas as Nações faz a clara declaração que sustenta a crença de Ellen White, mas segue-se outras citações que desejo lhes passar que podem ajudar na compreensão deste assunto.

Há três pessoas vivas pertencentes ao trio celeste; em nome destes três grandes poderes – o Pai, o Filho e o Espírito Santo –, os que recebem a Cristo por fé viva são batizados, e esses poderes cooperarão com os súditos obedientes do Céu em seus esforços para viver a nova vida em Cristo” (Special Testimonies, Série B, nº 7, p. 62-63 [publicado em 1906]; Bible Training School, 1° de março de 1906).

“A Divindade moveu-Se de compaixão pela raça, e o Pai, o Filho e o Espírito Santo deram-Se a Si mesmos ao estabelecerem o plano da redenção. A fim de levarem a cabo plenamente esse plano, foi decidido que Cristo, o unigênito Filho de Deus, Se desse a Si mesmo em oferta pelo pecado” (Australasian Union Conference Record, 1° de abril de 1901; A Systematic Offering for the Sydney Sanitarium, p. 36 [publicado em 1901]; Review and Herald, 2 de maio de 1912).

“O mal vinha se acumulando por séculos e só poderia ser contido pelo inigualável poder do Espírito Santo, a terceira pessoa da Divindade, que viria sem restrições em Sua eficácia, mas em plenitude do divino poder” (Carta 8, 1896; Special Testimonies for Ministers and Workers, n° 10, p. 25 [publicada em 1897]).

“O príncipe da potestade do mal só pode ser mantido em sujeição pelo poder de Deus na terceira pessoa da Divindade, o Espírito Santo” (Special Testimonies, Série A, nº 10, p. 37 [publicado em 1897]).

“Ao pecado só se poderia resistir e vencer por meio da poderosa operação da terceira pessoa da Divindade, a qual viria, não com energia modificada, mas na plenitude do divino poder. É o Espírito que torna eficaz o que foi realizado pelo Redentor do mundo” (O Desejado de Todas as Nações, p. 671 [1898]; Review and Herald, 19 de maio de 1904; [Australian] Signs of the Times, 4 de dezembro de 1911).

“Cristo enviou Seu representante, a terceira pessoa da Divindade, o Espírito Santo. Nada podia superar esse dom” (Signs of the Times, 1° de dezembro de 1898; Southern Watchman, 28 de novembro de 1905).

Portanto volto a salientar, combater o Espirito Santo e sua obra salvadora e de reconhecimento do pecado, é no mínimo perigosa para as pessoas que assim o fazem, tanto que o próprio Cristo afirmou: Portanto, Eu vos assevero: Todos os pecados e blasfêmias serão perdoados às pessoas; a blasfêmia contra o Espírito Santo não será, porém, perdoada! Qualquer pessoa que disser uma palavra contra o Filho do homem, isso lhe será perdoado; porém, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será isso perdoado, nem nesta época, nem no tempo futuro. Mateus 12:31 e 32

Não desejo tremenda sentença sobre mim ou sobre aqueles que mantem firme a convicção de colocar em dúvida este assunto, mas informo que não escrevo para aqueles que assim o fazem, não estou aqui me propondo a debates ou mesmo a discussões, escrevo aos sinceros que buscam o conhecimento da verdade e isto me leva ao seguinte pensamento que me foi firmemente estabelecido quando estudei na década de 90 sobre a obra do Espirito Santo que me levou a seguinte  conclusão do porquê Jesus mencionou que o pecado contra o Espirito Santo não seria perdoado. Simplesmente porque os que o combatem acabam chegando no estágio de que não acreditam mais e sendo o Espirito santo que nos convence da verdade, “ Mas, quando vier aquele Espírito da verdade, ele vos guiará em toda a verdade […]” (Jo 16.12, 13).  Se a pessoa nega a sua existência, e aí não importa o tipo de negação, seja ela total como alguns que não acreditam na terceira pessoa da trindade ou divindade, ou mesmo aqueles que creem ser o Espirito Santo apenas a vontade divina, sua força, irradiação ou outra definição que o descredencia ser uma divindade.

Abaixo descrevo meu estudo sobre o Espirito Santo e é o que creio e, portanto, sigo. São alguns tópicos de meu estudo, como disse, da década de 90 que apontam para a pessoalidade e divindade do Espirito Santo.

  • O Espírito Santo expressa seus pensamentos:

E aquele que sonda os corações conhece a intenção do Espírito, porque o Espírito intercede pelos santos de acordo com a vontade de Deus. (Romanos 8:27)

A palavra intenção no original grego deriva de “phroneo”, que quer dizer ter propósito, intenção, entendimento; enfim, ter pensamentos, ter uma mente.

Portanto o Espirito Santo não é a “vontade divina”, “sua força cósmica”, “a  irradiação da vontade de Deus”. O Espirito Santo de acordo com a Bíblia, tem uma mente.

  • O Espírito Santo expressa sua vontade:

Todas essas coisas, porém, são realizadas pelo mesmo e único Espírito, e ele as distribui individualmente, a cada um, conforme quer. (1 Coríntios 12:11)

Vemos aqui textos que se relacionam com a distribuição dos dons e é atribuído a Ele segundo a sua vontade, logo O Espirito Santo faz as suas escolhas.

  • O Espírito Santo tem amor:

Recomendo-lhes, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor do Espírito, que se unam a mim em minha luta, orando a Deus em meu favor. (Romanos 15:30)

Paulo declara que o Espirito Santo tem amor e isto é uma reação de quem tem consciência, logo posso afirmar que uma “força cósmica” ou “Vontade Divina” não teria este atributo.

  • O Espírito Santo se alegra:

Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei. (Gálatas 5:22-23)

Veja, Paulo está falando aqui de atributos de uma pessoa, ele não está falando de um “estado de Espirito” mas da ação do Espirito Santo e descreve as suas reações as quais nos exorta a ter e compartilhar.

  • O Espírito Santo nos dá força, consolo e exorta a prosseguirmos:

Assim, pois, as igrejas em toda a Judéia, e Galiléia e Samaria tinham paz, e eram edificadas; e se multiplicavam, andando no temor do Senhor e consolação do Espírito Santo. (Atos 9:31)

O Espírito Santo é o nosso consolador. É quem nos impulsiona a prosseguirmos, age ao nosso lado em nossa mente mostrando o caminho. Isto é pessoal, cada pessoa sente a sua presença.

  • O Espírito Santo se comunica conosco:

Portanto, como diz o Espírito Santo: Se ouvirdes hoje a sua voz, Não endureçais os vossos corações, Como na provocação, no dia da tentação no deserto. (Hebreus 3:7-8)

O Espirito Santo fala conosco, em nossa mente, aos nossos ouvidos. Nos orienta, nos adverte, nos exorta. Se você não consegue perceber isto, pare um pouco e ouça.

  • O Espírito Santo nos ensina:

As quais também falamos, não com palavras que a sabedoria humana ensina, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais. (1 Coríntios 2:13)

É possível que aqueles que não creem no Espirito Santo mudarem a interpretação destas passagens, afirmando que tudo isto pode ser a “expressão de Deus” ou a “ação dele em nós”. Lhes afirmo que nisto vocês estão corretos, pois o Espirito Santo é Deus, não há como separar isto e, portanto, as ações do Espirito Santo são a expressão de Deus Pai e de Deus Filho porque são um só.

  • É possível entristecer o Espírito Santo:

E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção. (Efésios 4:30)

Agora podemos definir claramente uma ação humana, não há como entristecer uma névoa, uma vontade. Entristecemos o Espirito Santo como fazemos com outra pessoa, é uma ação explicitamente direta e pessoal.

  • Podemos insultar o Espírito Santo:

Quão mais severo castigo, julgam vocês, merece aquele que pisou aos pés o Filho de Deus, que profanou o sangue da aliança pelo qual ele foi santificado, e insultou o Espírito da graça? (Hebreus 10:29)

 Paulo aqui está afirmando que aquele que quebrava a lei de Moises era rigidamente castigado e comparando que o castigo seria maior para aquele que resistisse a Jesus e insultasse o Espirito da Graça, que é o Espirito Santo. Então podemos insultar, ultrajar, entristecer… E se o fizermos seremos merecedores de maior castigo. Quando a pessoa chega neste estágio de insultar o Espirito Santo, esta preste a cumprir o que foi dito por Jesus, “Não há perdão”. Infelizmente o próximo passo desta lista é não querer mais ouvir falar sobre o assunto, e começar a resistir ao Espirito Santo.

Povo rebelde, obstinado de coração e de ouvidos! Vocês são iguais aos seus antepassados: sempre resistem ao Espírito Santo!” (Atos 7:51)

O verbo “resistir” aqui vem do grego “antipipto”, que traduzido expressa uma forma mais intensa que somente resistir, podemos traduzir pela ação de “fazer oposição”, “lutar contra o Espírito Santo”. A boa notícia é que se a pessoa se arrepender genuinamente, o Espirito Santo a aceitará de volta e a ajudará a seguir o caminho para a salvação.

Estas são apenas algumas características do Espirito Santo e que nos leva a compreensão muito mais lógica de que tratamos de uma pessoa da trindade do que acharmos que é algo invisível, abstrato e sem vida em si. Não é uma questão de escolha por uma definição mais real e pessoal, é uma questão de salvação.

Mas o conflito do Alpha e do Ômega não se estende apenas na questão pessoal e trinitária de Deus, mas se estende para a divindade de Jesus o que me parece ser ainda mais conflitante. Se você notou, temos aqui uma trindade de oposições a Deus, disfarçada de esmero e devoção ao criador, como se este tivesse que ser defendido por nós pecadores, para tentarmos explicar sua natureza e suas ações. O ataque a trindade, ao Espirito Santo e a divindade em si próprio de Jesus é sem dúvida o centro do conflito Ômega, mas como sempre fez, Deus não deixará sem resposta e sem orientações os seus fiéis.

Para entender a conclusão gostaria de apontar novamente um contexto histórico que foi a ponta deste iceberg. O faço apresentando o estudo de Jerry Moon, Ph.D. Diretor do Departamento de História Eclesiástica do Seminário Teológico Adventista, Andrews University, Berrien Springs, Michigan; editor da Andrews University Seminary Studies

Vou direto para os textos no tópico intitulado A crise de Kellogg e as declarações terminantes,  mas há muito material excelente para estudo nos tópicos anteriores, os quais deixarei o link para estudo posterior. Também estou deixando nesta sequência as marcações originais do artigo para que você possa se localizar. O porque estou apresentando este artigo? Porque ele expressa o que acredito ser o mais profundo estudo deste assunto e assim como os Bereanos, pesquisei cada um deles e cheguei a minha conclusão. Assim espero que aconteça com aqueles que sinceramente estarão lendo este estudo.

A crise de Kellogg e as declarações terminantes

O doutor J. H. Kellogg, superintendente médico do Sanatório de Battle Creek, foi a principal pessoa de credenciais científicas entre os adventistas do sétimo dia na virada do século vinte. Possivelmente influenciado por companheiros intelectuais de fora do Adventismo,55 ele teorizava que a vida de cada ser vivo, seja árvore, flor, animal ou humano era a própria presença de Deus dentro dela. Sua opinião era uma forma de panteísmo.56 Vestígios desse ponto de vista podem ser encontrados em suas apresentações públicas na década de 1890,57 mas a crise só irrompeu em 1902. Em seguida ao incêndio do Sanatório de Battle Creek, em 18 de fevereiro de 1902, Kellogg propôs um plano de arrecadação de fundos para financiar a reconstrução. Ele doaria à Review and Herald Publishing Association o manuscrito para um novo livro sobre saúde.58 Se a Review and Herald doasse os custos de publicação, e se os 73 mil membros que compunham a Igreja Adventista do Sétimo Dia em 1902 se encarregassem de vender 500 mil exemplares a um dólar cada, a renda pagaria as dívidas há muito existentes e reconstruiria o sanatório. Este plano foi aceito. The Living Temple foi primariamente um manual de fisiologia elementar, nutrição, medicina preventiva e tratamentos caseiros para doenças comuns. Mas o frontispício citava 1 Coríntios 6:19 acerca do corpo como sendo o “templo do Espírito Santo”, e aqui e ali Kellogg incorporava suas opiniões teológicas.

Embora os leitores preliminares do manuscrito ficassem satisfeitos com o que é dito sobre fisiologia, criticavam severamente algumas de suas especulações acerca da doutrina de Deus. Apesar desta crítica, Kellogg apressou a publicação. Em 30 de dezembro de 1902, porém, enquanto a Review and Herald Publishing Association estava no meio da impressão da primeira edição, a casa publicadora incendiou-se até os fundamentos. Entre outras perdas estavam as chapas de impressão e os exemplares não terminados do The Living Temple. Kellogg levou prontamente o manuscrito para outra impressora e fez um contrato de 3 mil exemplares, assumindo os custos.

Quando o livro foi finalmente distribuído, os mais flagrantes afastamentos da estabelecida teologia adventista apareceram no capítulo inicial, “O Mistério da Vida”.59 “Deus é a explanação da natureza”, declarava Kellogg, “não um Deus fora da natureza, mas na natureza, manifestando-se através e em todos os objetos, movimentos, e variados fenômenos do universo”.60 Evidentemente reagindo a alguns de seus críticos da pré publicação, Kellogg procurou embotar ou frustrar suas objeções por meio de referência específica ao Espírito Santo. Ele arrazoava que se o Espírito Santo podia estar em toda parte ao mesmo tempo, e se o Espírito Santo era também uma pessoa, então ninguém podia dizer que o Deus apresentado por Kellogg como habitando em todas as coisas era um Deus impessoal. “Como pode o poder ser separado da fonte de poder?” perguntava Kellogg. “Onde o Espírito de Deus está em operação, onde o poder de Deus se manifesta, o próprio Deus está de fato e realmente presente.”61Afirmando que o poder de Deus equivale à sua presença, Kellogg obscurece seu raciocínio, como um breve exemplo mostrará. Um comandante militar pode emitir ordens para mobilizar as forças armadas e, por meio dessas ordens, o poder do líder chega ao lar de um soldado individual, mas isso é claramente diferente da visita do comandante em pessoa àquele lar.

Então Kellogg engendra sua metáfora definidora, o parágrafo mais citado do The Living Temple: Suponha agora que temos diante de nós uma bota, não uma bota ordinária, mas uma bota viva, e, ao olharmos para ela, vemos pequenas botas saindo das costuras em profusão, saindo das biqueiras, caindo dos saltos, e saltando do cano, dezenas, centenas, milhares de botas, saindo continuamente de nossa bota viva, não seríamos compelidos a dizer: “Há um sapateiro na bota”? Assim está presente na árvore um poder que a cria e mantém, um criador de árvore na árvore, um criador de flores na flor… uma presença infinita, divina, embora invisível… que está sempre se declarando por sua incessante e beneficente atividade.62

A teoria de Kelogg foi vigorosamente debatida na Igreja por vários anos. Sendo que adventistas de destaque haviam salientado seus erros,63 Ellen G. White esperava, a princípio, que não seria necessário se envolver. Entretanto, por volta de setembro de 1903, as opiniões de Kellogg estavam ganhando aderentes. Quando ele afirmou publicamente que os ensinos do The Living Temple “no que concerne à personalidade de Deus” estavam de acordo com os escritos de Ellen G. White,64 ela não pôde mais ficar em silêncio. “Deus não permita que esta opinião prevaleça”, ela declarou. “Não precisamos do misticismo que está nesse livro”, continuou ela. “O escritor desse livro acha-se em uma vereda falsa. Ele perdeu de vista as verdades distintivas para este tempo. Não sabe para onde seus passos estão se dirigindo. A trilha da verdade caminha ao lado da trilha do erro, e ambas podem parecer uma para mentes que não são moldadas pelo Espírito Santo, e que, portanto, não estão prontas para discernir a diferença entre a verdade e o erro.”65

Em uma carta que se seguiu, ela atingiu o âmago da questão: “O Senhor Jesus … não representou a Deus como uma essência que permeia a natureza, mas como um ser pessoal. Os cristãos devem ter em mente que Deus tem uma personalidade tão verdadeiramente como Cristo a tem.”66

Algumas semanas depois, em uma carta a George I. Butler, ex-presidente da Associação Geral,67Kellogg defendeu o seu ponto de vista. “Até onde posso sondar a dificuldade que é encontrada no Living Temple [sic], toda a coisa pode ser acalmada com esta pergunta: É o Espírito Santo uma pessoa? Você diz Não” (Butler era da velha escola antitrinitariana que sustentava que o Espírito Santo era um aspecto ou poder de Deus, mas não uma pessoa). Continua Kellogg: “Eu tinha suposto que a Bíblia dizia isto pelo motivo de que o pronome pessoal “ele” é usado em se falando do Espírito Santo. A Irmã White usa o pronome “ele” e tem dito em tantas palavras que o Espírito Santo é a terceira pessoa da Divindade [sic]. Como pode o Espírito Santo ser a terceira pessoa e não ser de modo algum uma pessoa, me é difícil ver.”68 Aqui está um fascinante exemplo de Kellogg como debatedor. Essencialmente, ele está dizendo: “Tenho sido mal compreendido. Eu não afirmei que o Pai está em todas as coisas; é o Espírito Santo quem está em todas as coisas. E se o Espírito Santo é uma pessoa, então Ellen G. White está errada em dizer que meu ponto de vista solapa a personalidade de Deus.” Assim, ele procurava manobrar com perícia a reprovação de Ellen G. White e manter a legitimidade de sua própria opinião. Butler, porém, não foi enganado. “No que concerne à irmã White e você estarem em perfeito acordo, terei de deixar isto inteiramente entre você e a irmã White. Ela diz que não há perfeito acordo. Você afirma que há… Devo dar a ela o crédito… de dizer que há uma diferença” (ênfase suprida).69 Kellogg está aqui contando a Butler meias-verdades casuísticas, tentando retratar o “panteísmo” doThe Living Temple como simplesmente uma perspectiva científica da mesma doutrina de Deus que Ellen G. White havia expresso em O Desejado de Todas as Nações. Embora seja o que Kellogg queria que seus leitores acreditassem, isto não corresponde à verdade, mesmo que a própria Ellen G. White reconhecesse que “para mentes que não são moldadas pelo Espírito Santo” poderia assim parecer.70

Ao prolongar-se o conflito, adentrando o ano de 1905, Ellen G. White escreveu outro documento que expunha o assunto à Igreja em linhas tão inflexíveis que não poderia ser mal compreendido. O manuscrito apresenta talvez a mais radical e fundamental acusação já escrita contra uma falsa opinião da Trindade, seguida por uma de suas mais explícitas descrições do que ela considerava ser a verdadeira compreensão da Divindade.

Nesse documento, publicado em 1905, ela rotula a primeira opinião de “espiritualista”, “nulidade”, “imperfeita, falsa”,71 “a trilha da serpente” e “as pro-fundezas de Satanás”.72 Ela afirmou que aqueles que a recebessem estariam “dando ouvidos a espíritos sedutores e doutrinas de demônios, afastando-se da fé que eles tinham considerado sagrada nos cinquenta anos passados”.73

Em contraste com esta opinião que severamente denuncia, ela apresenta uma outra opinião que considerava como “a plataforma correta”, “em harmonia com a simplicidade da verdadeira piedade”, e “os velhos, velhos tempos… quando, sob a direção do Espírito Santo, milhares se converteram em um dia”.74 O antagonismo entre duas opiniões opostas dificilmente poderia ser delineado em termos mais rígidos em um contexto teológico do que o desacordo entre doutrinas de “espíritos sedutores” e a doutrina dos “velhos, velhos tempos” do Pentecostes original. Ela está falando acerca de duas contrastantes doutrinas da Trindade. Aqui está a primeira, atribuída explicitamente ao Dr. Kellogg e seus associados em “nossa principal corporação médica”: Sou instruída a dizer: Os sentimentos daqueles que estão buscando ideias científicas avançadas não são de confiança. São feitas representações como as seguintes: “O Pai é como a luz invisível; o Filho é como a luz incorporada; o Espírito é a luz irradiada. ” “O Pai é como o orvalho, vapor invisível; o Filho é como o orvalho acumulado de bela forma; o Espírito é como o orvalho caído no assento da vida.” Outra representação: “O Pai é como o vapor invisível; o Filho é como a nuvem de chumbo; o Espírito é chuva caída e operando em refrescante poder. ” Todas estas representações espiritualistas são simplesmente nada.

São imperfeitas, falsas. Enfraquecem e diminuem a Majestade com a qual nenhuma semelhança terrestre pode ser comparada. Deus não pode ser comparado com as coisas que suas mãos fizeram. São meras coisas terrenas, sofrendo sob a maldição de Deus por causa dos pecados do homem. O Pai não pode ser descrito pelas coisas da Terra [ênfase suprida].75

Então, na sentença seguinte, ela define o que compreende ser a verdade acerca da Divindade. O Pai é toda a plenitude da Divindade corporificada, e é invisível à vista mortal. O Filho é toda a plenitude da Divindade manifestada. A Palavra de Deus declara ser Ele “a expressa imagem da sua pessoa.” “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” Aqui é mostrada a personalidade do Pai. O consolador que Cristo prometeu enviar depois de sua ascensão ao Céu é o Espírito em toda a plenitude da Divindade, tornando manifesto o poder da graça divina a todos os que recebem a Cristo e creem nele como um salvador pessoal. Há três pessoas vivas

do trio celestial; em nome destes três grandes poderes – o Pai, o Filho, e o Espírito Santo – os que recebem a Cristo por fé viva são batizados, e estes poderes cooperarão com os súditos obedientes do Céu em seus esforços para viver a nova vida em Cristo [ênfase suprida].76

Acusando a Kellogg de estar, com sua doutrina “espiritualista” da Trindade, “se afastando da fé” que os adventistas tinham “considerado sagrada nos cinquenta anos passados”, Ellen G. White refuta claramente a afirmação de que todas as doutrinas da Trindade são a mesma e que a objeção a uma exige a rejeição de todas. Ela está distinguindo claramente entre duas variedades de trinitarianismo.

Significativamente, Ellen G. White condena a opinião da Trindade de Kellogg em termos quase idênticos àqueles usados por seu esposo Tiago em 1846, quando ele condenou o “velho credo trinitariano não escriturístico” por “espiritualizar a existência do Pai e do Filho, como duas pessoas distintas, literais e tangíveis.” Isto apoia a interpretação de que ela estava ao menos em parcial acordo com ele em 1846, e que, posteriormente, viu semelhanças entre os credos que afirmavam que Deus era “invisível, sem corpo ou membros” e as “representações espiritualistas” de Kellogg retratando a Deus sob metáforas de luz e água.

Além disso, Ellen G. White afirma que na heresia de Kellogg ela “reconhecia os mesmos sentimentos” existentes entre os ex-mileritas “espiritualizantes” de 1845 e 1846, contra os quais ela havia se oposto.77 A implicação é a de que os fanáticos “espiritualizadores” pósdesapontamento, o ensino dos credos de que Deus é sem forma e intangível, bem como os conceitos impessoais de Deus mantidos por Kellogg, tudo isso foi associado por Tiago e Ellen White sob o título geral de “teorias espiritualistas”.78

Esse fato está diretamente ligado ao presente debate porque alguns têm alegado que a opinião de Kellogg condenada por Ellen G. White é a mesma opinião da Trindade posteriormente aceita pela Igreja79 – alegação que não é apoiada pela evidência. White rejeita claramente a opinião da Trindade que faz Deus parecer distante, intocável, impessoal; e aceita um ponto de vista literal, bíblico80 da Trindade, uma opinião que mostra a Deus como incluindo três personalidades divinas individuais, que são um em natureza, caráter, propósito e amor.

Suas últimas afirmações de um Deus em três pessoas estão plenamente em harmonia com a primeira declaração de fé explicitamente trinitariana entre os adventistas do sétimo dia, escrita por F. M. Wilcox na Review and Herald em 1913.81 “Os adventistas do sétimo dia crêem” – esclareceu Wilcox – “1) na divina Trindade. Essa Trindade consiste do eterno Pai, … do Senhor Jesus Cristo, … [e] do Espírito Santo, a terceira pessoa da Divindade.”82

O artigo prossegue , mas neste que escrevo gostaria muito de que os leitores do mesmo pudessem fazer suas próprias conclusões, o que certamente lhes fortaleceria a fé.

Conclusão

Começo as minhas conclusões sobre o assunto o Alpha e o Ômega, lembrando que nossos pioneiros vieram de diversas outras religiões que agregavam seus conceitos e credos, os quais muitos lutaram para manter em sua nova Fé. Devo salientar que Deus não levantou a IASD com um manual de procedimentos e todas as verdades conectadas de uma vez só ou numa única publicação, o descobrimento dos conceitos que regem nossa fé hoje foram sequenciais e muito da doutrina que abraçamos hoje foram sendo descobertas através da instrução divina dada a Ellen White e algumas vezes pela utilização de outros membros que após terem trazido à tona o assunto, foram confirmados em visões e orientações que nosso Deus deu a ela, caso por exemplo dos mandamentos e do sábado como dia de guarda. Lembremo-nos que a nossa igreja pioneira não tinha aderido a esta mensagem no seu início. Dizer que a igreja está abandonando as crenças de nossos pioneiros deve ser analisada com um cuidado extremo. Algumas das alegações que tenho visto e até mesmo a aplicação da frase de Ellen White de 1849 de que: “Sabemos que temos a verdade”, esta sendo usada fora do contexto. Analisando a citação vemos que ela estava se referindo às crenças que os adventistas que agora guardavam o sábado era um diferencial entre os outros grupos de cristãos. Ela não queria dizer que não havia mais verdades a serem descobertas e que os adventistas jamais precisariam mudar qualquer de suas opiniões.

Isto torna-se logico ao passar do tempo e ao analisar seus escritos subsequentes e até mesmo uma análise mais profunda sobre o livro “Desejado de Todas as Nações” onde ela toma uma posição clara em relação a trindade. Volto a dizer que muitos de nossos irmãos pioneiros foram membros de outras religiões e que este universo de crenças povoou as decisões e opiniões de nossos líderes por um longo período até receberem divinamente as orientações que nos levaram a chegar aos dias de hoje.

Por exemplo Ellen White continuou a observar o domingo mesmo após sua primeira visão em 1844 e por quase três anos Deus não lhe revelou a verdade dobre o sábado e mesmo assim após aprender sobre este importante tema que se tornou nossa marca registrada, ela guardava o sábado seguindo o horário das 18h de sexta até as 18h de sábado. Em 1855 J.N. Andrews lhe mostrou pelas escrituras que o sábado começava no pôr do sol de sexta feira e ia até o pôr do sol de sábado. Você poderia se perguntar: Porque Deus não lhe deu esta orientação no início? Porque somente nove anos depois veio a verdade “completa” Na minha opinião Deus estava ensinando de maneira sequencial, no tempo dele e não no nosso e acredito firmemente que Ele sabe o tempo para todas as coisas. Os conflitos teológicos já eram enormes para nossos pioneiros e um manual quebrando todos os paradigmas que existiam de uma vez só certamente traria grande relutância entre os fiéis. Outro exemplo de aprendizagem com o tempo foi o da reforma da saúde que veio somente a partir de 1863. Muitos adventistas, incluindo Tiago White e Ellen White eram criadores de porcos e comiam da carne destes animais criados por eles, como era costume naquela época em várias famílias. Somente depois das orientações recebidas por Ellen White, e a publicação dos conceitos sobre saúde e temperança é que o assunto se tornou princípio entre os adventistas e ocorreu a orientação para se afastar das carnes imundas e uma orientação ao vegetarianismo. Confesso que ao escutar certa vez uma pessoa dizer que Ellen White comia carne de porco cerca de quase vinte anos após suas primeiras visões, me pareceram absurdos e até uma heresia. Achava que isto era coisa de opositores. Lembro-me de uma discussão a este respeito em que meu interlocutor disse que ela “ deu carne para Thiago que estava fraco” Aquilo era demais para mim, mas cresci, estudei e vi que era uma verdade, talvez naquele momento fora de contexto ou mesmo sem contexto algum, porém mais tarde tive a compreensão sobre o assunto e isto fruto de estudos, pessoais e não o de ouvi dizer. O ouvi dizer serve para despertar, mas não pode ser conclusivo, por isso exorto que as pessoas pesquisem.

Então chegamos aqui a algumas conclusões: Aplicar, por exemplo,  o texto de Ellen de 1849 como prova de que toda a teologia Adventista já estava formada e de que deveríamos adotar totalmente as crenças dos pioneiros daquela época, nos remeteria a quebra de alguns conceitos que hoje são básicos para qualquer adventista, seria o mesmo que dizer que podemos comer carnes impuras, guardar o sábado seguindo o horário de nossos relógios ao invés do movimento do nascer e por sol e que nossa doutrina de saúde não deve ser aplicada.

O que temos visto é que pessoas hoje estão usando argumentos e textos que não correspondem a verdade e estão fora do seu contexto histórico e escriturístico, porem estas pessoas tem angariado adeptos que procuram nova luz, mas estão caindo nas mesmas contradições e armadilhas que alguns pioneiros tiveram que enfrentar. Fica claro que algumas das teorias doutrinarias que foram lançadas em desacordo com a orientações dadas por Deus, estão de volta e fazendo hoje mais mal a nossa comunidade do que a que ocorreu nos dias em que foram lançadas.

Para mim este é o ômega das heresias, uma reedição das mesmas táticas usadas desde a sua queda do céu: pôr em dúvida nosso Deus, sua personalidade através do ataque a trindade, tentando desfazer a obra redentora e salvífica de Jesus o rebaixando a criatura e não criador e tornando o Espirito Santo uma nevoa, inexistente, sem sentimentos, impessoal. O mesmo Espirito Santo que nos convence da verdade, nos orienta no caminho, nos faz sentir vontade de estar na eternidade, além de outras heresias que já se levantaram ou ainda hão de vir. Com certeza estamos no tempo do Ômega, mas o que é de nos trazer esperança é que “Ora, quando estas coisas começarem a acontecer, olhai para cima e levantai as vossas cabeças, porque a vossa redenção está próxima. Lucas 21:28

Saúde e paz para todos, paz com nosso Deus.

Fernando Francisco

30 de Dezembro de 2018

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *