Talvez uma das teorias mais conhecidas para o fim do mundo é a que é exposta na série de livros, que virou filme em duas edições sendo agora protagonizado por Nicolas Cage, Left Behind Deixado Para Trás Escrita por autores Cristãos Tim LaHaye e Jerry B. Jenkins. Estes livros venderam milhões de exemplares em todo o mundo e chamou muita a atenção pelo seu enredo que parece ficção cientifica, mas seus autores apontam ser estes os acontecimentos reais pouco antes da volta de Jesus Cristo. Alias se seguirmos esta teoria, teremos três presenças de Cristo nesta terra, sendo uma no seu nascimento, outra secreta e finalmente seu retorno em gloria para dar a cada um o seu galardão ou sentença. O que esta teoria não consegue explicar é de onde vem a base teológica para tal enredo, visto que nos próprios versos bíblicos que são usados para dar uma sustentabilidade, já contradiz a própria teoria.
Mas a pergunta mais importante é: Como milhões de cristãos, protestantes, adotaram tal teologia que não se sustenta? Creio que você se lembra que falamos em nosso artigo anterior que nosso inimigo adotou a estratégia de fazer com que “quem lesse não conseguisse entender e quem explicasse não tivesse a verdadeira forma de interpretar.”
Assim sendo, voltaremos ao concilio de Trento e veremos que uma das finalidades deste concilio foi determinar uma forma de interpretação das escrituras, que não colocasse a Igreja Romana como sendo a besta de Apocalipse capitulo 13 e consequentemente, a igreja perseguidora que desviaria os filhos de Deus da salvação, sendo instrumento de satanás.
O que ocorreu é que os reformadores protestantes do décimo sexto século identificaram o papado como o anticristo da profecia. Vários estudiosos Jesuítas se incumbiram da função de defender o papado contra estes ataques. O cardeal Robert Bellarmine (1542-1621), diretor da Universidade Jesuíta em Roma, empregou seus esforços para anular o conceito profético de interpretação dos símbolos nas profecias, principalmente o que define interpretação “ Um dia te dei por um ano” e assim destruir a teologia dos 1.260 anos do regime papal, o qual sabemos que gerou perseguição através da inquisição, tendo seu inicio em 538dc e seu termino seria em 1798, como ocorreu.
O Jesuíta Espanhol, Francisco Ribera (1537-1591) projetou como profecias sobre o anticristo para o futuro (futurismo), e Outro Espanhol, Luis de Alcázar (1554-1613), argumentava que estas profecias já foram cumpridas sem tempo Império Romano (preterismo).
O preterismo de Alcázar logo foi adotado pelo Calvinista Hugo Grotius (1583-1645) na Holanda, e com o tempo se tornou o método favorito para a interpretação da profecia bíblica entre os teólogos liberais.
Mas pelas implicações e posterior discriminação de suas teorias, vamos nos ater a Francisco Ribera que aplicou como método de interpretação das profecias, o literalismo em alguns momentos e colocando todas as profecias para um cumprimento no futuro. Nessa forma de interpretação o anticristo seria uma pessoa que dominaria o mundo, mas no futuro. Um anticristo pessoal que apareceria no fim do tempo e que teria poder por três anos e meio e se tornaria o carrasco da humanidade. Por aproximadamente três décadas o futurismo esteve grandemente confinado na Igreja Católica Romana, até que em 1826 Samuel R. Maitland (1792-1866), bibliotecário do Arcebispo de Canterbury, publicou um panfleto de 72 páginas com as ideias de Francisco Ribera na qual apontava a aparição de um futuro anticristo. Uma interpretação bem diferente e com um método não autorizado por Deus de se desvendar os símbolos bíblicos, mas que tirava de foco a Igreja Romana e transportava tudo para um período próximo da volta de Cristo e elevava a igreja que antes era tida como a besta de apocalipse à igreja que reuniria o povo de Deus. Francisco Ribeira escreveu o seu livro que foi usado como base para esta nova leitura das profecias, atacando os dois principais livros que Deus nos deixou como guias, O livro de Daniel e o de Apocalipse.
Logo outro clérigo Protestante se voltou-se para o futurismo e começou a propagar em todo o redor. Entre eles estavam John Henry Newman, líder do movimento de Oxford, que mais tarde se tornou um cardeal Católico Romano e Edward Irving, o famoso ministro Presbiteriano Escocês.
O futurismo de Ribera preparou o fundamento para o dispensacionalismo, que ensina que Deus tem lidado de forma diferentemente e com uma ideia para cada época diferentes da história bíblica. John Nelson Darby (1800-1882) é costumeiramente chamado de o pai do dispensacionalismo. Ele era um advogado e clérigo anglicano que em 1828, ficou desiludido com um espiritualidade da igreja, e se juntou ao Movimento Irmãos Exclusivos. Os Irmãos Exclusivos são um subconjunto do movimento evangélico cristão geralmente descrito como os Irmãos de Plymouth . Eles são distinguidos dos Irmãos Abertos de quem eles se separaram em 1848. Os Irmãos Exclusivos estão agora divididos em vários grupos, muitos dos quais diferem em pontos menores de doutrina ou prática. Talvez o mais conhecido deles, principalmente através da atenção da mídia, é o grupo Raven-Taylor-Hales, agora conhecido como a Igreja Cristã dos Irmãos de Plymouth , que mantém a doutrina da separação intransigente do mundo baseada em sua interpretação de Os Coríntios 6 e 2 Timóteo 2,
Darby tinha uma mente brilhante e falava fluente em Alemão e Francês, e traduziu o Novo Testamento para o Alemão, Francês e Inglês. Ele foi autor de mais de 50 livros, e em 1848 se fez líder dos Irmãos Exclusivos.
Darby começou uma filosofia da qual a história ocorre em oito épocas ou dispensações,
“Cada uma das quais é composta por uma forma diferente da qual Deus opera seu plano redentor.” Além disso, Darby afirmou que a vinda de Cristo seria em dois estágios. O primeiro, um “arrebatamento secreto” invisível dos crentes verdadeiros, terminaria o grande “intervalo” de uma era da igreja que havia quando os judeus rejeitaram a Cristo. Seguindo o arrebatamento, como as profecias do Velho Testamento concernentes a Israel que seriam efetivadas literalmente e Cumprindo-se, levariam a uma grande tribulação que terminaria com a segunda vinda de Cristo em glória.
Posteriormente encontramos Cyrus Ingerson Scotfield que nasceu em agosto de 1843. Sua conversão ocorreu em 1879, aos 36 anos. Scofield tornou-se um membro ativo da Associação Cristã de Moços (YMCA) em Saint Louis, Missouri. Durante o seu envolvimento com essa organização, Scofield foi grandemente influenciado pelo pastor presbiteriano James H. Brooks, que adotava uma posição premilenista e dispensacionalista. Foi também nessa ocasião que ele se tornou grandemente interessado em identificar referências paralelas de textos das Escrituras, seguindo o exemplo de seu amigo C. E. Parxton. Cerca de 30 anos mais tarde, essa prática resultaria em uma das bíblias anotadas mais populares do século, popularmente conhecida como A Bíblia de Scofield.
Essa Bíblia foi originalmente publicada em inglês em 1909, reeditada em 1917 e revisada em 1967. Desde então, tem sido traduzida para várias outras línguas.1 Na América Latina, a Bíblia de Scofield tornou-se especialmente popular através do movimento pentecostal, que vê uma grande aliada na “hermenêutica literal” de suas anotações.
Vamos seguir uma sequência logica e surpreendente.
Começamos por Francisco Ribera, que publica um livro em 1590, mudando a forma de interpretar as escrituras, justamente para combater a reforma Protestante, argumento lançado no concilio de Trento em 1546. A publicação de Ribera dá origem a várias linhas de teológicas pois lançava tudo para o futuro e literal, como já explicamos.
Duzentos e quarenta anos mais tarde surge John Nelson Darby um pregador anglo-irlandês, figura muito influente entre os Irmãos de Plymouth e o fundador dos Irmãos Exclusivos. Darby foi considerado o pai do moderno Dispensacionalismo e do Futurismo. A teologia do arrebatamento pré-tribulacional foi popularizada extensivamente na década de 1830 por ele e o grupo evangélico os Irmãos de Plymouth.
É importante observar que Darby tirou sua base teológica dos escritos de Samuel R. Maitland, que por sua vez escreveu seus artigos baseado no livro de Francisco Ribera. Depois de Darby, em 1909 chega às mãos dos protestantes da Europa e posteriormente, ao mundo, a Bíblia anotada de Scofield, que popularizou as novas correntes teológicas iniciadas em 1546 e agora fazendo parte da Cresça de milhões de cristãos mundo afora.
O inimigo tinha tempo, ele conhece melhor que nós a palavra de Deus e só precisou de pouco mais de 300 anos para fazer com que a igreja que estava preocupada com a crescente movimentação dos reformistas e a interpretação das escrituras, que desmascarava a verdadeira identidade da Besta de apocalipse 13, passasse a adotar o método de interpretação criado para combater justamente eles, o movimento de reforma.
Porque temos visto tantas religiões e o crescimento de teses teológicas que não se sustentam a luz da bíblia? Porque as pessoas estão lendo os mesmos textos, mas a interpretação foi alterada e a confusão que isto criou só será reparada quando Cristo mandar a chuva serôdia, o Espírito Santo para desmascarar as obras do inimigo, ou pessoas como você que leram este artigo, passem a pelo menos acreditar que existe sim uma teoria conspiratória, mas você não mais faz parte delas, você conhece a verdade e a verdade te libertará.