INTERPRETAÇÕES cap. 2
Durante toda história da Igreja, Deus guiou e orientou seus filhos. O que temos em nossas mãos é a mais completa carta com referências dada por um pai a seus filhos para que esses encontrassem o caminho e não se desviasse dele.
Deveríamos ser uníssonos em nossos pensamentos, atos, reverencia, obediência e adoração a Deus, mas o que ocorreu? Porque tantas formas e caminhos?
O que ocorreu foi simples: Quando nosso inimigo viu que a perseguição e a tentativa de destruição dos cristãos não mais tinha efeito, ele teve de mudar suas táticas e como diz um ditado “quando não se pode opor junte-se a ele” Satanás colocou em pratica seu plano de desviar o povo na maneira e na interpretação das escrituras.
Agora não fazia sentido impedir ao acesso a palavra de Deus, o jeito era fazer com que quem lesse não conseguisse entender e quem explicasse não tivesse a verdadeira forma de interpretar.
Foi assim que em 1546 no concilio de Trento, as coisas começaram a mudar. Se pegarmos os registros históricos sobre este evento veremos alguns detalhes interessantes.
O Concílio de Trento foi o nome de uma reunião de cunho religioso (tecnicamente denominado concílio ecumênico) convocada pelo papa Paulo III em 1546 na cidade de Trento, na área do Tirol italiano. Com o surgimento e consequente expansão do protestantismo profundas modificações atingiram a Igreja Católica. Uma reação a tal expansão, vulgarmente denominada “ Contra-Reforma ” foi guiada pelos papas Paulo III, Júlio III, Paulo IV, Pio V, Gregório XIII e Sisto V, buscando combater a expansão da Reforma Protestante. Além da reorganização de várias comunidades religiosas já existentes, outras foram criadas, dentre as quais a Companhia de Jesus ou Ordem dos Jesuítas, tendo como fundador Inácio de Loyola.
Foi neste concilio que muitos dos conceitos teológicos da Igreja Católica foram colocados em pratica e virou norma de conduta de seus seguidores em todo o mundo. Vamos apenas destacar algumas das praticas estabelecidas pela igreja desde então.
Para opor-se ao protestantismo, o concílio emitiu numerosos decretos disciplinares e especificou claramente as doutrinas católico‐romanas quanto à salvação, os sete sacramentos (como por exemplo, confirmou a presença de Cristo na Eucaristia), o Cânone de Trento (reafirmou como autêntica a Vulgata) e a Tradição, a doutrina da graça e do pecado original, a justificação, a liturgia e o valor e importância da Missa (unificou o ritual da missa de rito romano, abolindo as variações locais, instituindo a chamada “Missa Tridentina”), o celibato clerical, a hierarquia católica, o culto dos santos, das relíquias e das imagens, as indulgências e a natureza da Igreja. Regulou ainda as obrigações dos bispos.
Foram criados seminários nas dioceses como centros de formação sacerdotal e confirmou-se a superioridade do Papa sobre qualquer concílio ecuménico. Foi instituído o “Index Librorum Prohibitorum“, um novo Breviário (o Breviário Romano) e um novo Catecismo (o Catecismo Romano). Foi reorganizada também a Inquisição.
Mas uma das finalidades deste concilio era encontrar uma forma, um método que desviasse as interpretações de vários reformadores, que apontavam ser a igreja Romana uma das bestas do apocalipse e também a responsável pelo desvio do povo de Deus e a subjugação de todos os opositores.
Mas baseado em que estes reformadores se apoiavam? Como eles chegaram a estas interpretações?
Primeiramente vamos apresentar a interpretação dos reformistas e suas implicações para a igreja Romana, e depois você verá o que realmente foi feito no concilio de Trento, como fizeram as modificações e suas consequências no mundo Cristão.
Baseados no método de interpretação historicista por recapitulação, que era o usual no início da época da reforma, as interpretações das profecias de Daniel e Apocalipse traziam uma importante revelação quanto aos períodos da história do povo de Deus.
No livro de Daniel encontramos dois conjuntos proféticos que tem uma similaridade entre si, são duas fases da vida do profeta em que Deus lhe dá a história da humanidade partindo dos seus dias até o tempo do fim. No capítulo 2 do livro Daniel encontramos a primeira profecia e nela nos deparamos com o sonho de Nabucodonosor.
No segundo ano do reinado de Nabucodonosor, teve ele um sonho… Daniel 2:1 Porem o rei não se lembrava do que sonhou e mandou chamar todos os magos do reino para que lhe interpretassem o sonho. Porem estes homens não puderam faze-lo e coube a Daniel ser o interprete desta mensagem divina.
O que o rei sonhou? 31 Tu, ó rei, estavas vendo, e eis aqui uma grande estátua; esta estátua, que era imensa, cujo esplendor era excelente, e estava em pé diante de ti; e a sua aparência era terrível. 32 A cabeça daquela estátua era de ouro fino; o seu peito e os seus braços de prata; o seu ventre e as suas coxas de cobre; 33 As pernas de ferro; os seus pés em parte de ferro e em parte de barro. 34 Estavas vendo isto, quando uma pedra foi cortada, sem auxílio de mão, a qual feriu a estátua nos pés de ferro e de barro, e os esmiuçou. 35 Então foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro, os quais se fizeram como pragana das eiras do estio, e o vento os levou, e não se achou lugar algum para eles; mas a pedra, que feriu a estátua, se tornou grande monte, e encheu toda a terra. Daniel 2:31 a 35
Na sequência Daniel apresenta a interpretação dada por Deus e que conta a história dos reinos. Este é o sonho; também a sua interpretação diremos na presença do rei. Tu, ó rei, és rei de reis; a quem o Deus do céu tem dado o reino, o poder, a força, e a glória. E onde quer que habitem os filhos de homens, na tua mão entregou os animais do campo, e as aves do céu, e fez que reinasse sobre todos eles; tu és a cabeça de ouro. E depois de ti se levantará outro reino, inferior ao teu; e um terceiro reino, de bronze, o qual dominará sobre toda a terra. E o quarto reino será forte como ferro; pois, como o ferro, esmiúça e quebra tudo; como o ferro que quebra todas as coisas, assim ele esmiuçará e fará em pedaços. E, quanto ao que viste dos pés e dos dedos, em parte de barro de oleiro, e em parte de ferro, isso será um reino dividido; contudo haverá nele alguma coisa da firmeza do ferro, pois viste o ferro misturado com barro de lodo. E como os dedos dos pés eram em parte de ferro e em parte de barro, assim por uma parte o reino será forte, e por outra será frágil. Quanto ao que viste do ferro misturado com barro de lodo, misturar-se-ão com semente humana, mas não se ligarão um ao outro, assim como o ferro não se mistura com o barro.
Mas, nos dias desses reis, o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído; e este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre, Da maneira que viste que do monte foi cortada uma pedra, sem auxílio de mãos, e ela esmiuçou o ferro, o bronze, o barro, a prata e o ouro; o grande Deus fez saber ao rei o que há de ser depois disto. Certo é o sonho, e fiel a sua interpretação. Daniel 2:36-45
Como podemos ver, Deus apresenta a história dos reinos, partindo do tempo de Daniel até o juízo final e a instauração do seu reino.
Passando o tempo Daniel tem um sonho e fica pasmo e busca em Deus a interpretação. Este sonho e esta descrito no capitulo 7 de seu livro.
1 No primeiro ano de Belsazar, rei de babilônia, teve Daniel um sonho e visões da sua cabeça quando estava na sua cama; escreveu logo o sonho, e relatou a suma das coisas. 2 Falou Daniel, e disse: Eu estava olhando na minha visão da noite, e eis que os quatro ventos do céu agitavam o mar grande. 3 E quatro animais grandes, diferentes uns dos outros, subiam do mar. 4 O primeiro era como leão, e tinha asas de águia; enquanto eu olhava, foram-lhe arrancadas as asas, e foi levantado da terra, e posto em pé como um homem, e foi-lhe dado um coração de homem. 5 Continuei olhando, e eis aqui o segundo animal, semelhante a um urso, o qual se levantou de um lado, tendo na boca três costelas entre os seus dentes; e foi-lhe dito assim: Levanta-te, devora muita carne. 6 Depois disto, eu continuei olhando, e eis aqui outro, semelhante a um leopardo, e tinha quatro asas de ave nas suas costas; tinha também este animal quatro cabeças, e foi-lhe dado domínio. 7 Depois disto eu continuei olhando nas visões da noite, e eis aqui o quarto animal, terrível e espantoso, e muito forte, o qual tinha dentes grandes de ferro; ele devorava e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram antes dele, e tinha dez chifres. 8 Estando eu a considerar os chifres, eis que, entre eles subiu outro chifre pequeno, diante do qual três dos primeiros chifres foram arrancados; e eis que neste chifre havia olhos, como os de homem, e uma boca que falava blasfêmias. Daniel 7:1-8
Daniel procura a interpretação, mas vamos lembrar que ele já havia visto algo semelhante antes, quando interpretou o sonho de Nabucodonosor e neste ponto a história universal se repete. Temos o Leão simbolizando Babilônia, o Urso simbolizando o segundo reino, como na estátua descrita no capitulo 2 que representa aqui aos Medos e Persas e o terceiro animal, um leopardo com quatro asas representando a velocidade com que Alexandre da Grécia expandiu o seu reino.
Porem Daniel ficou demasiado intrigado com o quarto animal e seus desmembramentos.
Então tive desejo de conhecer a verdade a respeito do quarto animal, que era diferente de todos os outros, muito terrível, cujos dentes eram de ferro e as suas unhas de bronze; que devorava, fazia em pedaços e pisava aos pés o que sobrava; E também a respeito dos dez chifres que tinha na cabeça, e do outro que subiu, e diante do qual caíram três, isto é, daquele que tinha olhos, e uma boca que falava grandes coisas, e cujo parecer era mais robusto do que o dos seus companheiros.
Eu olhava, e eis que este chifre fazia guerra contra os santos, e prevaleceu contra eles. Até que veio o ancião de dias, e fez justiça aos santos do Altíssimo; e chegou o tempo em que os santos possuíram o reino. Disse assim: O quarto animal será o quarto reino na terra, o qual será diferente de todos os reinos; e devorará toda a terra, e a pisará aos pés, e a fará em pedaços. E, quanto aos dez chifres, daquele mesmo reino se levantarão dez reis; e depois deles se levantará outro, o qual será diferente dos primeiros, e abaterá a três reis. E proferirá palavras contra o Altíssimo, e destruirá os santos do Altíssimo, e cuidará em mudar os tempos e a lei; e eles serão entregues na sua mão, por um tempo, e tempos, e a metade de um tempo. Daniel 7:19-25
Um detalhe interessante é que o quarto animal não é apresentado como uma pessoa, mas como um reino, e claramente este fará guerra ao povo de Deus.
Depois destes acontecimentos uma profecia foi dada a Daniel, agora no capitulo 9, ocorre que o inicio profético dá-se durante o reinado dos medos e persas, mas a sequência profética fica mais especifica, incluindo as interpretações sobre o reinado do último período, que aponta para o surgimento de um poder religioso.
1 No ano primeiro de Dario, filho de Assuero, da linhagem dos medos, o qual foi constituído rei sobre o reino dos caldeus, 2 No primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel, entendi pelos livros que o número dos anos, de que falara o Senhor ao profeta Jeremias, em que haviam de cumprir-se as desolações de Jerusalém, era de setenta anos. Daniel 9:1 e 2
Continuando com a visão, Deus dá a Daniel a historia agora já posterior ao reino de Babilônia, onde Daniel começou seu ministério profético, e descrevendo os confrontos nos três próximos reinos e apresentando o surgimento do quarto poder grande e terrível ao qual ele havia presenciado na sua visão do capitulo 7.
E este rei fará conforme a sua vontade, e levantar-se-á, e engrandecer-se-á sobre todo deus; e contra o Deus dos deuses falará coisas espantosas, e será próspero, até que a ira se complete; porque aquilo que está determinado será feito.
E não terá respeito ao Deus de seus pais, nem terá respeito ao amor das mulheres, nem a deus algum, porque sobre tudo se engrandecerá.
Mas em seu lugar honrará a um deus das forças; e a um deus a quem seus pais não conheceram honrará com ouro, e com prata, e com pedras preciosas, e com coisas agradáveis. Com o auxílio de um deus estranho agirá contra as poderosas fortalezas; aos que o reconhecerem multiplicará a honra, e os fará reinar sobre muitos, e repartirá a terra por preço. E, no fim do tempo, o rei do sul lutará com ele, e o rei do norte se levantará contra ele com carros, e com cavaleiros, e com muitos navios; e entrará nas suas terras e as inundará, e passará. E entrará na terra gloriosa, e muitos países cairão, mas da sua mão escaparão estes: Edom e Moabe, e os chefes dos filhos de Amom. E estenderá a sua mão contra os países, e a terra do Egito não escapará. E apoderar-se-á dos tesouros de ouro e de prata e de todas as coisas preciosas do Egito; e os líbios e os etíopes o seguirão. Mas os rumores do oriente e do norte o espantarão; e sairá com grande furor, para destruir e extirpar a muitos.
E armará as tendas do seu palácio entre o mar grande e o monte santo e glorioso; mas chegará ao seu fim, e não haverá quem o socorra. Daniel 11:36-45
O que vemos nestas três ocasiões de visão em que Daniel teve a interpretação, foi o surgimento de Roma, primeiramente pagã, e depois a Roma
Mas vamos agora partir para a identificação de Roma com as profecias, principalmente as que estão descritas no livro de apocalipse. Utilizando o método de interpretação que Deus orientou que se usasse, temos as seguintes questões:
No livro de Apocalipse no capitulo 13 João assiste a uma cena surpreendente. Ele está numa praia, observando as ondas, quando surge do mar um animal horroroso e espantoso, A fera ou besta semelhante a um leopardo tem patas de urso e presas como as de um leão. Possui sete cabeças e dez chifres quando surge do mar, ensopada com a salmoura das agitadas águas.
E eu pus-me sobre a areia do mar, e vi subir do mar uma besta que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre os seus chifres dez diademas, e sobre as suas cabeças um nome de blasfêmia. E a besta que vi era semelhante ao leopardo, e os seus pés como os de urso, e a sua boca como a de leão; e o dragão deu-lhe o seu poder, e o seu trono, e grande poderio.
E vi uma das suas cabeças como ferida de morte, e a sua chaga mortal foi curada; e toda a terra se maravilhou após a besta. E adoraram o dragão que deu à besta o seu poder; e adoraram a besta, dizendo: Quem é semelhante à besta? Quem poderá batalhar contra ela?
E foi-lhe dada uma boca, para proferir grandes coisas e blasfêmias; e deu-se-lhe poder para agir por quarenta e dois meses. E abriu a sua boca em blasfêmias contra Deus, para blasfemar do seu nome, e do seu tabernáculo, e dos que habitam no céu. E foi-lhe permitido fazer guerra aos santos, e vencê-los; e deu-se-lhe poder sobre toda a tribo, e língua, e nação. E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo. Se alguém tem ouvidos, ouça. Se alguém leva em cativeiro, em cativeiro irá; se alguém matar à espada, necessário é que à espada seja morto Apocalipse 13:1-10
Aqui vemos uma série de símbolos que interpretados corretamente, nos dará a identidade deste poder. Vamos passo a passo identificando estes símbolos para que possamos compreender porque nosso inimigo lançou por terra o método de interpretação que Deus deu aos homens.
Primeiramente vamos decifrar a frase: “e vi subir do mar uma besta…” A palavra besta aqui profeticamente não se refere a um animal, mas um poder, um reino e podemos comparar com o que diz Daniel no capitulo 7 : E quatro animais grandes, diferentes uns dos outros, subiam do mar. Daniel 7:3 , Vemos aqui a mesma cadeia profética, uma mesma relação entre os dois livros. Estes grandes animais, que são quatro, são quatro reis, que se levantarão da terra. Daniel 7:17
Portanto já identificamos que esta besta se refere a um rei, um reino e é importante frisar que não está se referindo a uma pessoa em particular e veremos isto na sequência deste estudo.
Outro aspecto desta frase é que esta besta surge do “mar” e aqui vamos usar o mesmo principio de interpretação e chegaremos à conclusão de que ela surgirá de um lugar habitado. Em apocalipse 17 temos uma outra visão que nos servirá de chave bíblica para desvendarmos esta questão.
E veio um dos sete anjos que tinham as sete taças, e falou comigo, dizendo-me: Vem, mostrar-te-ei a condenação da grande prostituta que está assentada sobre muitas águas;
Com a qual fornicaram os reis da terra; e os que habitam na terra se embebedaram com o vinho da sua fornicação. Apocalipse 17:1,2 E levou-me em espírito a um deserto, e vi uma mulher assentada sobre uma besta de cor de escarlata, que estava cheia de nomes de blasfêmia, e tinha sete cabeças e dez chifres. E a mulher estava vestida de púrpura e de escarlata, e adornada com ouro, e pedras preciosas e pérolas; e tinha na sua mão um cálice de ouro cheio das abominações e da imundícia da sua fornicação; E na sua testa estava escrito o nome: Mistério, a grande babilônia, a mãe das prostituições e abominações da terra. E vi que a mulher estava embriagada do sangue dos santos, e do sangue das testemunhas de Jesus. E, vendo-a eu, maravilhei-me com grande admiração. Apocalipse 17:3-6
Quando começarmos a entender os símbolos, ficará mais fácil a intepretação destas frases proféticas. Aqui o apostolo João vê uma mulher, que representa uma Igreja, assentada sobre a besta, ou seja, ela tem poder e ao identificar a besta do capitulo 13 teremos também uma clara visão do restante desta profecia. Mas quero voltar ao tópico que estamos estudando, nos queremos saber o significado do “Mar” na profecia do capitulo 13 então vamos ver a interpretação deste símbolo, pelas palavras do próprio anjo que esta ali para ajudar a João a compreender o que ele está vendo. Na verdade, o anjo faz uma explanação longa, mas vamos ver o que ele fala no versículo 15: E disse-me: As águas que viste, onde se assenta a prostituta, são povos, e multidões, e nações, e línguas. Apocalipse 17:15
Aplicando aqui este conceito interpretativo, chegamos a conclusão de que “Aguas” são povos, e multidões, e nações, e línguas, ou seja, a palavra “mar” aqui representa que esta besta veio de um lugar habitado, e neste caso, de Roma na Europa onde fica a sede da Igreja Romana, que inicialmente foi perseguida no tempo do império Romano e mais tarde, em 321DC, se tornou a Roma dos Papas.
Vamos agora seguir na interpretação da profecia do capitulo 13 de apocalipse e veremos a seguinte frase: “tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre os seus chifres dez diademas, e sobre as suas cabeças um nome de blasfêmia.”
Aqui temos mais alguns símbolos que precisamos identificar, primeiramente vamos ver o que significa as “Sete Cabeças”
Aqui o sentido, que tem sabedoria. As sete cabeças são sete montes, sobre os quais a mulher está assentada. E são também sete reis; cinco já caíram, e um existe; outro ainda não é vindo; e, quando vier, convém que dure um pouco de tempo. Apocalipse 17:9,10
A cidade de Roma está rodeada por sete colinas que estão posicionadas e localizadas à margem esquerda do rio Tibre. Elas formam uma espécie de semicírculo ao norte composto pelo Viminal, Quirinal, Aventino, Célio e Esquilino. Já na curva desse mesmo rio estão as colinas mais importantes da cidade – a de Capitólio e a de Palatino. “sobre os quais a mulher está assentada” a sede da igreja Romana esta assentada sobre a cidade de Roma que vimos aqui estar geograficamente rodeada por sete colinas.
Por muitos anos esta característica por si só já identificava Roma como a Besta do Apocalipse, mas junta-se a esta interpretação, mais outras características descritas na passagem bíblica. Vemos também que as Sete cabeças quando analisadas no estudo do capítulo 12, tem um simbolismo que é muito logico. Verificamos que o dragão representa primariamente a Satanás, e secundariamente o Império Romano, o qual foi usado por Satanás para perseguir a Cristo. (Ver Apoc. 12:4 e 9.) Alguns comentaristas consideram as sete cabeças como sete poderes que combateram a verdade e o povo de Deus: Egito (Êxo. 5 a 14); Assíria (II Reis 17:1-8); Babilônia (Dan. 7:4); Média-Pérsia (Dan. 7:5); Grécia (Dan. 7:6); Roma pagã (Dan. 7:7) e Roma papal (Dan. 7:8, 21, 24 e 25). A opinião corrente é que as sete cabeças do dragão são as mesmas sete cabeças da besta semelhante a leopardo (capítulo 13) e da besta escarlate do capítulo 17. E aplicamos que os cinco que caíram foram: Egito, Assíria, Babilônia, Media-Pérsia e Grécia. Nos dias de João que recebeu esta visão, o sexto reino era o de Roma Pagã e a que viria seria a Roma Papal, que durou como império até o cumprimento de outra parte da profecia que predizia que ela seria “Ferida de morte”.
Seguindo a passagem chegamos a mais uma parte importante para identificar este poder: “e dez chifres, e sobre os seus chifres dez diademas, e sobre as suas cabeças um nome de blasfêmia.”
O Império Romano do tempo de João dividiu-se mais tarde. A comparação com Daniel 7:7, 8 e 24 denota que os dez chifres das três bestas do Apocalipse (12, 13 e 17) representam as divisões nacionais em que se fragmentou o Império Romano.
Na publicação “OBSERVAÇÕES SOBRE AS PROFECIAS DE DANIEL E O APOCALIPSE DE SÃO JOÃO POR Sir Isaac Newton TRADUZIDAS DA EDIÇÃO INGLESA DE 1733, profundo estudioso das profecias, ele declarou: Pelas guerras anteriormente discutidas, o Império Romano do Ocidente, ao tempo em que Roma foi cercada e tomada pelos Godos, dividiu-se nos seguintes reinos: 1. dos Vândalos e Alanos, na Espanha e África; 2. dos Suevos, na Espanha; 3. dos Visigodos; 4. dos Alanos, na Gália; 5. dos Burgúndios; 6. dos Francos; 7. dos Bretões; 8. dos Hunos; 9. dos Lombardos; 10. de Ravenos, na Ravena.
Já alguns historiadores apontam que o império Romano foi dividido em 10 reinos, porem listam: Vândalos, Alamos, Suevos, Visigodos, Burgundos, Francos, Lombardos, Anglo-saxões, Ostrogodos e Herulos. Mas o fato é que o império Romano se dividiu em 10 reinos, dez chifres, o que nos mais uma característica do poder de apocalipse 13.
Outra característica que temos que avaliar é “E a besta que vi era semelhante ao leopardo, e os seus pés como os de urso, e a sua boca como a de leão”
Aqui temos algumas características que foram assimiladas por esta besta semelhante a leopardo que tem certas peculiaridades dos três animais descritos em Daniel 7 (o leão, o urso e o leopardo), o poder representado pela besta de apocalipse 13 possuiria características que se destacaram nos reinos de Babilônia (O Leão), Pérsia ( O Urso) e Grécia (O Leopardo).
De Babilônia esta besta assimilou a pretensão e o orgulho e podemos ver isto através das passagens de Isaías 14:10-14, Daniel 4:30, Jeremias 50:29 e o pecado de transgredir a lei de Deus em Isaías 13:11 e 14:13-14
Do império Medo-Pérsia, Roma trouxe a adoração ao Sol, o dia de domingo tirado do antigo culto Mitraista que dedicava o primeiro dia da semana a adoração ao deus mitra, o deus sol.
Da Grécia, Roma copiou o culto e adoração a imagens, como era comum aos Gregos.
Na sequência do versículo, vemos que “e o dragão deu-lhe o seu poder, e o seu trono, e grande poderio.” Analisando a história só há uma passagem de poder dos Césares para outro império e este foi a transição da Roma pagã para a Roma Papal. Este símbolo, como a maioria dos protestantes tem crido, representa o papado, que se sucedeu no poder, trono e poderio uma vez mantidos pelo antigo Império Romano. Apocalipse. 13:5-7 é quase idêntica à descrição da ponta pequena de Daniel 7, refere-se inquestionavelmente ao papado.” – O Grande Conflito, p. 438.
Continuando com a descrição de apocalipse 13, vemos agora que: “E vi uma das suas cabeças como ferida de morte,…” No ano 1798, ao terminarem os 1.260 anos de poder perseguidor (538 + 1.260 = 1.798), o general napoleônico Berthier fez uma ferida mortal no papado. Anulou o código de Justiniano, desapropriou o papado dos cinco Estados que este tinha no centro da Itália e tirou-lhe os poderes temporais. A ferida foi tão profunda que parecia que o papado não se recuperaria mais dela. O papa Pio VI foi levado para o cativeiro (Apocalipse 13:10) e seus sucessores se autorecluíram no cativeiro, negando-se a aparecer em público até que se lhes restituíssem os poderes temporais.
“e a sua chaga mortal foi curada; e toda a terra se maravilhou após a besta” Em 1929 Benito Mussolini assinou a célebre concordata com o papado, dando-lhe os 44 hectares que hoje constituem o Estado do Vaticano, recuperando-se assim o poder temporal dos papas. Desde aquela época voltaram-se a mostrar-se em público com poder e autoridade crescentes, fazendo viagens e sendo aclamados por multidões, inclusive em países protestantes como os E.E.U.U., em outros do bloco comunista e mesmo das Nações Unidas.” Mas há de se observar que a cura completa está ainda ocorrendo, e o mundo tem se maravilhado com o novo papado.
Quem poderá batalhar com ela? , esta pergunta está no versículo 4 “Como a besta pode ser vencida. Aí é predita reverência e adoração tanto à besta como ao poder por trás dela. Os seguidores de Cristo que rejeitam essa falsa adoração serão atacados, perseguidos e mortos por 42 meses ou 1260 anos. Mas as palavras de Jesus são muito confortadoras. “Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo. João 16:33 O segredo da vitória sobre o poder da besta é dado em Apocalipse 22:11. ‘Eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e mesmo em faze da morte, não amaram a própria vida.’”
“E foi-lhe dada uma boca, para proferir grandes coisas e blasfêmias; e deu-se-lhe poder para agir por quarenta e dois meses. E abriu a sua boca em blasfêmias contra Deus, para blasfemar do seu nome, e do seu tabernáculo, e dos que habitam no céu. E foi-lhe permitido fazer guerra aos santos, e vencê-los; e deu-se-lhe poder sobre toda a tribo, e língua, e nação.”
Primeiramente um cálculo matemático muito importante e desvendar mais um símbolo bíblico. Quanto tempo “um dia” representa em profecia?
O “princípio do dia profético” consiste em associar “1 ano” para cada “1 dia” citado em determinadas profecias bíblicas. Vários teólogos judeus e gentios através dos tempos aplicaram este princípio. Entre esses teólogos encontra-se o judeu Rashi, que traduziu Daniel 8:14 da seguinte maneira: “E ele disse-me: ‘Até 2300 anos
Números 14:34 nos apresenta a seguinte afirmação “Segundo o número dos dias em que espiastes esta terra, quarenta dias, cada dia representando um ano, levareis sobre vós as vossas iniquidades quarenta anos, e conhecereis o meu afastamento. Números 14:34 Aqui neste versículo Deus aplicou p principio dia ano.
e Ezequiel 4:5-7 “Porque eu já te tenho fixado os anos da sua iniquidade, conforme o número dos dias, trezentos e noventa dias; e levarás a iniquidade da casa de Israel. E, quando tiveres cumprido estes dias, tornar-te-ás a deitar sobre o teu lado direito, e levarás a iniquidade da casa de Judá quarenta dias; um dia te dei para cada ano. Ezequiel 4:5,6
Em apocalipse lemos que a besta usaria seu poder de perseguição ao povo de Deus por “quarenta e dois meses” Em Daniel capítulo 7 é descrito um poder representado por um “chifre pequeno” que reinou de forma soberana entre as nações, ele é o mais detalhado e os motivos estão sintetizados no verso 25. Mesmo após o fim do império Romano Ocidental, em 476 d.C., a sua instituição religiosa (igreja de Roma) permaneceu atuante e, em 538 d.C., o imperador bizantino Justiniano declarou que o bispo de Roma deveria ser reconhecido como o líder da igreja a nível mundial. Assim, a igreja Católica Apostólica Romana consolida seu poder religioso e recebe prerrogativas políticas inesgotáveis. Além disso começa uma perseguição a aqueles que não aceitam as ordens da Igreja e este movimento ficou conhecido como “A Santa Inquisição”
Daniel descreve que a igreja de Roma, representada pelo “chifre pequeno”, teria pleno domínio por “um tempo, dois tempos e metade de um tempo” (Daniel 7:25). “Um tempo” (traduzido do hebraico ‘iddan) equivale a “360 dias”, nesse caso, a somatória de “um tempo, dois tempos e metade de um tempo” resulta em “1260 dias”, que pelo princípio do dia profético correspondem a “1260 anos”. Portanto, segundo Daniel 7:25, e Apocalipse 13 declaram que o período de supremacia religiosa e política da igreja de Roma seria de 1260 anos; intervalo de tempo em que ela impôs, conquistou e defendeu seus interesses de forma ferrenha e com a instituição da Inquisição.
Mas as características não param neste ponto, há ainda: “E foi-lhe dada uma boca, para proferir grandes coisas e blasfêmias… E abriu a sua boca em blasfêmias contra Deus, para blasfemar do seu nome, e do seu tabernáculo, e dos que habitam no céu”
A palavra grega blasphemia significa ‘calúnia, difamação, linguagem injuriosa’. Todo indivíduo, exceto os Membros da Divindade, que afirma possuir o poder e o direito de perdoar pecados é blasfemador.”
Há algumas ‘arrogâncias’ do papado que para Deus são blasfêmias. Por exemplo: sua pretensão de perdoar pecados. Depois da ascensão de nosso Senhor Jesus Cristo, São Pedro deixou claro que ele (Pedro) não tinha poder para perdoar pecados, que essa é atribuição de Deus (Atos 8:20-23). Evidentemente ele conhecia o princípio bíblico de que só Deus tem poder de perdoar pecados e que, quem pretende fazê-lo, blasfema. (São Marcos 2:7.) Outros exemplos: ao fazer-se chamar ‘Santo Pai’ adotou um nome que corresponde a Deus. Jesus: ‘A ninguém sobre a terra chameis vosso pai; porque só um é vosso Pai, Aquele que está no Céu’ (São Mateus 23:9). Proclama ser cabeça da igreja, usurpando assim a função de Cristo, que é o cabeça do corpo da Igreja (Efésios 5:23). Também aceita homenagens que na Santa Bíblia são um ato de adoração que corresponde só a Deus. Referimo-nos à prática de ajoelhar-se perante o papa. São Pedro proibiu a Cornélio que o fizesse por considerar-se (Pedro) um mero ser humano (Atos 10:25, 26). Note que o santo anjo de Deus, apesar de ser superior a um santo apóstolo, proibiu a João que se ajoelhasse diante dele, explicando que isso era um ato de adoração que só corresponde praticar perante Deus (Apocalipse 19:10; 22:8, 9). Agora entendemos melhor o que quis dizer São Paulo quando escreveu: “Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição, O qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus. 2 Tessalonicenses 2:3,4” Por isto é ele o anticristo (ANTICRISTO, quer dizer que se põe no lugar de Cristo, e também se opõe a Cristo
Portanto é inegável a atribuição a Igreja Católica Apostólica Romana a identidade da primeira besta de apocalipse 13. São muitas as características que apontam para isto e não é de admirar que a Igreja desejasse mudar esta forma de interpretação. Assim o fez a partir do concilio de Trento em que a principal finalidade era coibir e promover uma reforma de maneira a inserir uma nova maneira de se ler e interpretar as escrituras e assim combater o reformismo.
O método usado e como a Igreja Romana conseguiu este feito será o tema de nosso próximo estudo.