Reis em Guerra O rei do norte e o rei do Sul parte 2

Atualidades

O anjo de Deus nos diz: “E chegará ao Egito também com os deuses deles, com as suas imagens fundidas, com os seus objetos desejáveis de prata e de ouro, e com os cativos. E ele mesmo se manterá alguns anos longe do rei do norte.” (Daniel 11:8) Mais de 200 anos antes, o rei persa Cambises II havia conquistado o Egito e levado para sua terra deuses egípcios, “suas imagens fundidas”. Saqueando a anterior capital real da Pérsia, Susa, Ptolomeu III recuperou esses deuses e os levou como “cativos” ao Egito. Levou também de volta como despojo de guerra uma grande quantidade de “objetos desejáveis de prata e de ouro”. Obrigado a sufocar uma revolta na sua terra, Ptolomeu III ‘se manteve longe do rei do norte’, não lhe infligindo mais danos.

O REI SÍRIO REVIDA

23. Por que é que o rei do norte ‘retornou ao seu próprio solo’ depois de entrar no reino do rei do sul?

23 Como reagiu o rei do norte? Daniel foi informado: “Ele entrará realmente no reino do rei do sul e retornará ao seu próprio solo.” (Daniel 11:9) O rei do norte — o rei sírio Seleuco II — revidou. Entrou “no reino” ou domínio do egípcio rei do sul, mas sofreu derrota. Apenas com um pequeno restante do seu exército, Seleuco II ‘retornou ao seu próprio solo’, retirando-se para a capital síria, Antioquia, por volta de 242 AC. Quando morreu, seu filho Seleuco III sucedeu-lhe.

24. (a) O que aconteceu a Seleuco III? (b) Como foi que o rei sírio Antíoco III ‘chegou, e inundou, e passou’ pelo domínio do rei do sul?

24 O que se predisse a respeito da descendência do rei sírio Seleuco II? O anjo disse a Daniel: “Ora, no que se refere aos seus filhos, excitar-se-ão e realmente ajuntarão uma multidão de grandes forças militares. E entrando, ele certamente chegará, e inundará, e passará. Mas retornará e se excitará até chegar ao seu baluarte.” (Daniel 11:10) O assassinato de Seleuco III acabou com o seu reinado em menos de três anos. Seu irmão, Antíoco III, sucedeu-lhe no trono sírio. Esse filho de Seleuco II reuniu grandes forças para um ataque contra o rei do sul, que então era Ptolomeu IV. O novo rei do norte, sírio, lutou com êxito contra o Egito e recuperou o porto marítimo de Selêucia, a província de Coele-Síria, as cidades de Tiro e Ptolemaida, e cidades vizinhas. Derrotou um exército do Rei Ptolomeu IV e tomou muitas cidades de Judá. Na primavera de 217 AC, Antíoco III deixou Ptolemaida e foi para o norte, “até chegar ao seu baluarte” na Síria. Mas iria haver em breve uma mudança.

A SITUAÇÃO MUDA

25. Onde foi que Ptolomeu IV e Antíoco III se encontraram em batalha, e o que foi “entregue na mão” do egípcio rei do sul?

25 Nós, assim como Daniel, prestamos atenção ao que o anjo de Jeová prediz a seguir: “O rei do sul ficará amargurado e terá de sair e lutar contra ele, isto é, contra o rei do norte; e [este] certamente fará erguer-se uma grande massa de gente, e a massa de gente será realmente entregue na mão daquele.” (Daniel 11:11) Com uma tropa de 75 mil soldados, o rei do sul, Ptolomeu IV, avançou para o norte contra o inimigo. O sírio rei do norte, Antíoco III, ajuntara “uma grande massa de gente”, de 68 mil, para resistir a ele. Mas “a massa de gente” foi “entregue na mão” do rei do sul na batalha na cidade costeira de Ráfia, não muito longe da fronteira egípcia.

26. (a) Que “massa de gente” foi levada embora pelo rei do sul na batalha em Ráfia, e quais foram os termos do tratado de paz feito ali? (b) Como foi que Ptolomeu IV ‘não usou a sua forte posição’? (c) Quem se tornou o próximo rei do sul?

26 A profecia prossegue: “E a massa de gente há de ser levada embora. Seu coração se enaltecerá e fará cair realmente dezenas de milhares; mas não usará a sua forte posição.” (Daniel 11:12) Ptolomeu IV, o rei do sul, ‘levou embora’ 10 mil soldados da infantaria e 300 cavalarianos dos sírios para a morte e tomou 4 mil como presos. Os reis fizeram então um tratado, pelo qual Antíoco III ficou com seu porto sírio de Selêucia, mas perdeu Fenícia e Coele-Síria. Por causa dessa vitória, o coração do egípcio rei do sul ‘se enalteceu’, especialmente contra Jeová. Judá continuou sob o controle de Ptolomeu IV. No entanto, ele ‘não usou a sua forte posição’ para levar avante a sua vitória contra o sírio rei do norte. Em vez disso, Ptolomeu IV entregou-se a uma vida de devassidão, e seu filho de cinco anos, Ptolomeu V, tornou-se o próximo rei do sul alguns anos antes da morte de Antíoco III.

O EXPLORADOR RETORNA

27. Como retornou o rei do norte “no fim dos tempos” para recuperar território das mãos do Egito?

27 Por causa de todas as suas façanhas, Antíoco III passou a ser chamado de Antíoco, o Grande. O anjo disse a seu respeito: “O rei do norte terá de voltar e dispor uma massa de gente maior do que a primeira; e no fim dos tempos, de alguns anos, chegará, fazendo-o com uma grande força militar e com muitos bens.” (Daniel 11:13) Esses “tempos” foram 16 anos ou mais depois de os egípcios terem derrotado os sírios em Ráfia. Quando o jovem Ptolomeu V se tornou rei do sul, Antíoco III foi com “uma massa de gente maior do que a primeira” para recuperar os territórios perdidos para o egípcio rei do sul. Para esse fim, aliou-se com o rei macedônio Filipe V.

28. Que dificuldades teve o jovem rei do sul?

28 O rei do sul também teve dificuldades dentro do seu reino. “Naqueles tempos haverá muitos que se erguerão contra o rei do sul”, disse o anjo. (Daniel 11:14a) Deveras, muitos ‘se ergueram contra o rei do sul’. O jovem rei do sul, além de se confrontar com as forças de Antíoco III e seu aliado macedônio, confrontou-se com problemas em sua terra, no Egito. Visto que seu guardião Agátocles, que governava em nome dele, tratava os egípcios de forma arrogante, muitos se revoltaram. O anjo acrescentou: “E os filhos dos salteadores do teu povo, da sua parte, serão levados a tentar fazer uma visão tornar-se realidade; e terão de tropeçar.” (Daniel 11:14b) Até mesmo alguns do povo de Daniel tornaram-se ‘filhos de salteadores’, ou revolucionários. Mas qualquer “visão” que esses homens judeus tivessem a respeito de acabar com a dominação gentia da sua pátria era falsa, e eles fracassariam, ou ‘tropeçariam’.

29, 30. (a) Como sucumbiram os “braços do sul” diante do ataque do norte? (b) Como é que o rei do norte veio a ‘estar de pé na terra do Ornato’?

29 O anjo de Jeová predisse adicionalmente: “O rei do norte chegará e levantará um aterro de sítio, e realmente capturará uma cidade com fortificações. E quanto aos braços do sul, não se manterão firmes, tampouco o povo dos seus selecionados; e não haverá poder para se manter firme. E aquele que chegará contra ele fará segundo o seu bel-prazer, e ninguém se manterá firme diante dele. E estará de pé na terra do Ornato, e haverá extermínio na sua mão.” — Daniel 11:15, 16.

30 As forças militares sob Ptolomeu V, ou os “braços do sul”, sucumbiram diante do ataque do norte. Em Paneas (Cesareia de Filipe), Antíoco III obrigou o general egípcio Escopas e 10 mil homens de elite, ou “selecionados”, a se refugiar em Sídon, “uma cidade com fortificações”. Ali, Antíoco III ‘levantou um aterro de sítio’ tomando aquele porto fenício em 198 AC. Ele agiu “segundo o seu bel-prazer”, porque as forças do egípcio rei do sul não conseguiram resistir a ele. Antíoco III marchou então contra Jerusalém, a capital da “terra do Ornato”, Judá. Em 198 AC, Jerusalém e Judá passaram do domínio do egípcio rei do sul para o do sírio rei do norte. E Antíoco III, o Grande, o rei do norte, começou a ‘estar de pé na terra do Ornato’. Havia “extermínio na sua mão” para todos os judeus e egípcios oponentes. Por quanto tempo conseguiria esse rei do norte fazer o que bem entendesse?

ROMA RESTRINGE O EXPLORADOR

31, 32. Por que acabou o rei do norte fazendo “um acordo equitativo” de paz com o rei do sul?

31 O anjo de Jeová nos dá a seguinte resposta: “Ele [o rei do norte] fixará a sua face para vir com o poderio de todo o seu reino, e haverá um acordo equitativo com ele; e agirá com eficiência. E quanto à filha de mulher, ser-lhe-á concedido arruiná-la. E ela não se manterá firme e não continuará a pertencer-lhe.” — Daniel 11:17.

32 O rei do norte, Antíoco III, ‘fixou a sua face’ para dominar o Egito “com o poderio de todo o seu reino”. Mas acabou fazendo “um acordo equitativo” de paz com Ptolomeu V, o rei do sul. As exigências de Roma haviam induzido Antíoco III a mudar de plano. Quando ele e o Rei Filipe V da Macedônia se aliaram contra o jovem rei egípcio, para se apoderarem dos seus territórios, os guardiães de Ptolomeu V recorreram a Roma em busca de proteção. Aproveitando-se da oportunidade para expandir sua esfera de influência, Roma começou a mostrar seu poder.

33. (a) Quais foram os termos de paz entre Antíoco III e Ptolomeu V? (b) Qual foi o objetivo do casamento entre Cleópatra I e Ptolomeu V, e por que fracassou o plano?

33 Coagido por Roma, Antíoco III levou termos de paz ao rei do sul. Em vez de entregar territórios conquistados, conforme Roma exigira, Antíoco III planejou fazer uma transferência nominal deles por fazer sua filha Cleópatra I — a “filha de mulher” — casar-se com Ptolomeu V. Como dote dela, dar-se-iam províncias que incluíam Judá, a “terra do Ornato”. No entanto, por ocasião do casamento em 193 AC, o rei sírio não deixou que essas províncias fossem entregues a Ptolomeu V. Tratava-se dum casamento político, feito para sujeitar o Egito à Síria. Mas a trama fracassou, porque Cleópatra I ‘não continuou a pertencer-lhe’, pois ela depois passou a tomar o lado do marido. Quando irrompeu a guerra entre Antíoco III e os romanos, o Egito tomou o lado de Roma.

34, 35. (a) Para quais “terras litorâneas” voltou o rei do norte a sua face? (b) Como acabou Roma com “o vitupério” causado pelo rei do norte? (c) Como morreu Antíoco III, e quem se tornou o próximo rei do norte?

34 Referindo-se aos reveses do rei do norte, o anjo acrescentou: “E ele [Antíoco III] voltará a sua face para as terras litorâneas e realmente capturará muitas. E um comandante [Roma] terá de fazer o vitupério procedente dele cessar para si [Roma], de modo que não existirá seu vitupério [o causado por Antíoco III]. [Roma] fará que retorne àquele. E ele [Antíoco III] voltará a sua face para os baluartes da sua própria terra, e certamente tropeçará e cairá, e não será mais achado.” — Daniel 11:18, 19.

35 As “terras litorâneas” eram as da Macedônia, da Grécia e da Ásia Menor. Em 192 AC irrompeu uma guerra na Grécia, e Antíoco III foi induzido a ir à Grécia. Não se agradando dos esforços do rei sírio, de conquistar mais territórios ali, Roma formalmente declarou-lhe guerra. Nas Termópilas, ele sofreu derrota às mãos dos romanos. Cerca de um ano depois de perder a batalha de Magnésia, em 190 AC, ele teve de renunciar a tudo na Grécia, na Ásia Menor e nas regiões ao oeste dos montes Tauro. Roma impôs uma multa pesada e passou a dominar o sírio rei do norte. Expulso da Grécia e da Ásia Menor, e tendo perdido quase toda a sua frota, Antíoco III ‘voltou a sua face para os baluartes da sua própria terra’, a Síria. Os romanos lhe haviam ‘retornado seu vitupério contra eles’. Antíoco III morreu ao tentar roubar um templo em Elimais, na Pérsia, em 187 AC. Ele assim ‘caiu’ na morte e foi sucedido pelo seu filho Seleuco IV, o próximo rei do norte.

O CONFLITO CONTINUA

36. (a) Como tentou o rei do sul continuar a luta, mas o que aconteceu com ele? (b) Como caiu Seleuco IV e quem o sucedeu?

36 Ptolomeu V, como o rei do sul, tentou conseguir as províncias que devia ter recebido como dote de Cleópatra, mas ele foi envenenado, o que pôs fim aos seus esforços. Ele foi sucedido por Ptolomeu VI. Que dizer de Seleuco IV? Precisando de dinheiro para pagar a multa pesada que devia a Roma, enviou seu tesoureiro Heliodoro para se apoderar das riquezas que se dizia estarem armazenadas no templo em Jerusalém. Heliodoro, querendo ocupar o trono, assassinou Seleuco IV. No entanto, o Rei Êumenes, de Pérgamo, e seu irmão Átalo mandaram entronizar Antíoco IV, o irmão do rei assassinado.

37. (a) Como procurou Antíoco IV mostrar-se mais poderoso do que Jeová Deus? (b) Em que resultou a profanação do templo em Jerusalém por Antíoco IV?

37 O novo rei do norte, Antíoco IV, procurou mostrar-se mais poderoso do que Deus por tentar erradicar a forma de adoração de Jeová. Desafiando a Jeová, ele dedicou o templo de Jerusalém a Zeus, ou Júpiter. Em dezembro de 167 AEC, erigiu-se um altar pagão no alto do grande altar no pátio do templo, onde se haviam feito diariamente ofertas queimadas a Jeová. Dez dias mais tarde, ofereceu-se no altar pagão um sacrifício a Zeus. Essa profanação provocou um levante dos judeus sob os macabeus. Antíoco IV combateu-os por três anos. Em 164 AEC, no aniversário da profanação, Judas Macabeu rededicou o templo a Jeová e instituiu-se a festividade da dedicação — o Hanucá. — João 10:22.

38. Como acabou o domínio macabeu?

38 Os macabeus provavelmente fizeram um acordo com Roma, em 161 AC, e estabeleceram um reino em 104 AC. Mas o atrito entre eles e o sírio rei do norte continuou. Por fim, pediu-se que Roma interviesse. O general romano Cneu Pompeu tomou Jerusalém em 63 AC, após um sítio de três meses. Em 39 AC, o Senado romano nomeou Herodes — um edomita — para ser rei da Judeia. Acabando com o domínio macabeu, ele tomou Jerusalém em 37 AEC.

39. Como beneficiou a você a consideração de Daniel 11:1-19?

39 Como é emocionante ver o cumprimento inicial em pormenores da profecia a respeito dos dois reis em conflito! Deveras, como é empolgante examinar a história de uns 500 anos depois de a mensagem profética ter sido transmitida a Daniel e identificar os governantes que ocuparam as posições de rei do norte e de rei do sul! No entanto, as identidades políticas desses dois reis mudaram com a continuação da batalha entre eles durante o tempo em que Jesus Cristo andou na Terra e até os nossos dias. Por compararmos os acontecimentos históricos com os pormenores curiosos, revelados nessa profecia, poderemos identificar esses dois reis rivais.

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